Olhar Direto

Sábado, 20 de abril de 2024

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Caso Reginaldo

Texto de jornalista representa a voz popular sobre a morte de vendedor

A morte do vendedor ambulante Reginaldo Queiroz, brutal e injusta, tem despertado – além de comoção – uma vontade de falar, de expressar a indignação por um país no qual a justiça falha e pessoas morrem por muito pouco. O fato mostra-se concreto por diversos comentários nas matérias publicadas, telefonemas, conversas pela rua, perguntas por todo lugar. Abaixo, um texto muito interessante que chegou ao Olhar Direto, escrito pelo jornalista Itamar Perenha, e que expressa tão bem o conjunto de manifestações que temos acompanhado.



O ''caso Reginaldo Queiroz'' - Formado em Ciências Contábeis. Serviu ao Exército com distinção. Vi suas fotos. Frequentou diversos Cursos do SENAI. Cursos de Soldagem de diversos tipos. Procurou se qualificar em todas as oportunidades.
Na Rua onde mora, R. Paquetá, 125, Bairro Praeiro, todos o conheciam.

Era humilde, de família humilde. Para dizer a verdade, humílima. Era reconhecido na praça Popular por usar um chapelão (com abas bem largas) e pela água mineral que vendia, ora paçocas e outros petiscos além de utilitários como cartões telefônicos, apostilas para concursos.

Foi aprovado num concurso para Guarda Municipal em Campo Grande. Aguardava o chamado. A profissão, mesmo, e as qualificações em outras áreas que tinha não chegou a exercer. Faltou-lhe oportunidade, como ainda faltam a muitos mato-grossenses, enfim, a brasileiros de modo geral.

Há um déficit na geração de vagas, em especial para o 1º Emprego. Diante dos certificados que vi em sua casa chego a pensar na inutilidade das verbas do FAT gastas em tantos cursos de qualificação. Acho até demagógico o discurso de sobra emprego para trabalhador qualificado. Não sobra. A geração de empregos ainda acontece, com maior amplitude, em áreas que baixa qualificação.

Volto a Reginaldo. O Dr. Jony, neurocirurgião, do HPSMC, constatou a morte cerebral do trauma crânio-encefálico. A irmã, Danielle Queiroz, apesar da fé e espera de um milagre, diante da inevitabilidade e certeza de um outro propósito divino, autorizou o desligamento dos aparelhos de suporte à vida.

Incrível que uma guarnição chefiada pelo Cb Wanderley do 10º BPM não tenha conseguido distinguir a vítima dos agressores. Primeiro: um agressor entregue num conteiner de lixo de um Shopping. Com marcas de sangue. Segundo: um agressor sangrando, quase em frangalhos.

Estranha inversão dum boletim de ocorrência onde o policial civil de plantão no CISC Verdão observou o progressivo desfalecimento do suposto agressor a ponto de determinar sua remoção imediata ao Pronto Socorro.

Desde a abordagem, Reginaldo ficou durante quase 5 horas com seus ''captores'' (entre seguranças e a própria PM que não desconfiou de nada). Ora, seguranças desse tipo, em qualquer Shopping são totalmente dispensáveis. Falta pouco para o cidadão, ao invés de chamar a Polícia, pagar a ''proteção'' a bandido. Não será por isso que as Milícias do Rio de Janeiro progridem tanto?

Itamar Perenha
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