Membro do Conselho Gestor do PSF (Programa de Saúde Familiar) do bairro Novo Paraíso, Lucilene Rosa acredita que o conflito travado entre os médicos e a gestão municipal de saúde na capital, é algo que vem de há muito tempo. “Se a classe inteira está pedindo demissão, significa que há um problema de gestão”, declarou ao site Olhar Direto, durante manifestação na Câmara de Vereadores de Cuiabá, nesta manhã (8).

Mais de 30 pessoas entre membros e representantes dos conselhos gestores das unidades de PSF do Novo Paraíso I e II, Novo Mato Grosso e Rio dos Peixes foram à Câmara, como forma de protesto para pedir providências quanto à situação instalada na saúde pública em Cuiabá.

Isto, diante dos pedidos de demissão de 66 médicos da rede pública da capital. Entre os profissionais com pedido de desligamento estão 22 cirurgiões do Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá. Os outros 44 se dividem entre pediatras da mesma unidade de pronto atendimento e clínicos das unidades de PSF. Todas motivadas por uma suposta falta de condições do exercício pleno da medicina, difícil relacionamento com o secretário de Saúde, Luiz Soares, e reivindicações salariais.

“Nós sabemos que não tem remédios, que equipamentos não funcionam nos hospitais. A comunidade percebe a falta de estrutura e instrumentos. Mas o que estamos pedindo é que a situação seja resolvida sem que a população seja prejudicada”, desabafou Lucilene Rosa.

Ela ressaltou ainda que o PSF do Novo Paraíso está sem médicos. Isso porque um deles viajou e deverá retornar amanhã e o outro profissional está de licença, sendo que nenhum médico foi encaminhado. Já o PSF do Rio dos Peixes, inaugurado em março, também não recebeu nenhum profissional para o atendimento até o momento.

Os manifestantes que estão na Casa de Leis usam luvas brancas como forma de manifestação. Além disso, um cartaz traz a frase: “Secretário de Saúde, o que é ganhar por fora?”.

Audiência Pública

O vereador Lúdio Cabral (PT) protocolou o pedido por uma audiência pública reunindo o prefeito Wilson Santos (PSDB), toda gestão municipal de saúde, membros dos conselhos gestores dos PSF’s, vereadores, usuários do SUS, comitê municipal da Saúde, entidades dos funcionários do setor e Ministério Público para encontrar uma solução para o impasse vigente em Cuiabá.


Paralisação

Desde segunda-feira (7), os médicos da capital estão com as atividades paralisadas, mantendo apenas os serviços de urgência e emergência. Os cirurgiões, pediatras e clínicos do HPSMC e outras unidades que já pediram demissão, manterão o atendimento a população em casos de risco iminente de morte.

A paralisação deve continuar até a prefeitura enviar aos médicos alguma proposta que correspondam as exigências da classe.