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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Alvo de CPI

Cuiabano diretor da Precisa movimentou R$ 2 milhões por mês de forma atípica, diz Coaf

Foto: Reprodução

Cuiabano diretor da Precisa movimentou R$ 2 milhões por mês de forma atípica, diz Coaf
O empresário cuiabano Danilo Trento, diretor institucional da Precida Medicamentos, fez movimentações incompatíveis com seu salário, chegando a R$ 2 milhões mensais, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O documento foi enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado, e obtido pelo jornal O Globo, que publicou uma matéria nesta sexta-feira (3). Leia a íntegra:


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Diretor da Precisa movimentou de forma 'atípica' R$ 2 milhões por mês, segundo Coaf

Danilo Trento, diretor institucional, atuou como braço direito de Francisco Maximiano nos negócios junto ao Ministério da Saúde

Natália Portinari e Julia Lindner


BRASÍLIA - O diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, fez movimentações de valores incompatíveis com o seu faturamento mensal e de sua empresa, chegando a receber R$ 2 milhões mensais, segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro.

No período analisado pelo Coaf, Trento teve, por mês, uma movimentação de R$ 1,8 milhão nas suas contas empresariais e R$ 198 mil por mês nas contas de pessoa física. Para efeito de comparação, o valor é vinte vezes o salário de Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal. Também é um valor superior aos R$ 3,9 milhões movimentados em todo o ano de 2020 por Francisco Maximiano, presidente da Precisa.

O relatório do Coaf, obtido pelo GLOBO, foi enviado à CPI da Covid. A comissão quebrou o sigilo bancário de Danilo Trento. O documento mostra que, de outubro de 2020 a abril de 2021, Danilo recebeu créditos de R$ 1,6 milhão em uma conta de pessoa física em seu nome. Em outra conta, foram R$ 2,1 milhões de agosto de 2020 a junho de 2021.

Já nas contas da Primarcial Holding, Danilo movimentou R$ 24,4 milhões de junho de 2020 a junho de 2021 e R$ 8,2 milhões de dezembro de 2019 a junho de 2020.  Danilo é sócio da empresa com sua avó materna, Jandira Meneguello Berndt. A empresa é registrada em um escritório da Avenida Faria Lima onde fica também a Primares Holding e Participações, empresa de Francisco Maximiano, presidente da Precisa.

O órgão caracteriza essa quantidade de créditos como uma "movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente". Ao banco, Danilo Trento informou uma renda mensal de R$ 2,4 mil. O faturamento declarado da empresa, R$ 3 milhões por ano, também é considerado incompatível com os repasses nas contas de pessoa jurídica.

"Suspeição: incompatibilidade, haja vista renda informada versus volume transacionado no período de análise, bem como envolvimento de contrapartes de cunho jurídico/comercial. Portanto, comunicamos pela possibilidade de favorecimento tributário e sonegação fiscal", diz o Coaf.

Trento teve um papel crucial nos negócios da Precisa junto ao Ministério da Saúde, atuando em conjunto com Francisco Maximiano, presidente da empresa, em reuniões em Brasília, com integrantes do governo federal. Ele esteve com Maximiano e outros representantes nas viagens à Índia em janeiro, março e junho, para tratar com o laboratório Bharat Biotech.

Além disso, Trento trocou mensagens com o lobista Marconny Faria em 2020 sobre negócios da Precisa, como mostrou o GLOBO. Ele enviou a Marconny uma “passo a passo” com instruções para conseguir, dentro do Ministério da Saúde, um contrato de testes de Covid. Na mensagem, Trento detalha o processo, que deveria ser feito “a toque de caixa”.

O contrato de R$ 1,6 bilhão fechado com a Precisa Medicamentos para vender o imunizante indiano Covaxin ao Ministério da Saúde foi cancelado após a CPI da Covid apontar suspeitas de uma série de irregularidades na documentação e no processo de contratação.

Ao analisar as contas da Primarcial, empresa de Danilo, o Coaf identifica "resistência prestada pelo cliente ao fornecimento de informações para atualização cadastral junto a instituição", que a "movimentação analisada está incompatível com a renda informada", e, ainda, que há "depósitos em espécie efetuados com indícios de fracionamento".

Há também dezenas de transações recentes, de junho de 2020 a junho de 2021, entre a empresa de Danilo e a 6M Participações, controlada por Maximiano. Danilo recebeu R$ 9,6 milhões da 6M em 73 transferências nesse período. No mesmo intervalo, porém, fez de volta à empresa 14 transações, totalizando um débito de R$ 2 milhões de sua conta.

Procurado sobre qual foi o motivo de ter feito essas transações com a empresa de Maximiano e sobre as outras movimentações identificadas pelo Coaf, Danilo não respondeu. A Precisa Medicamentos disse que "são movimentações legítimas, envolvendo empresas privadas, e que são cobertas por sigilo bancário e fiscal".
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