Os caminhoneiros mobilizados na BR-163/364, no km 396, em Cuiabá, reconheceram o áudio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em que ele pede a liberação das estradas do país. No entanto, mantém o bloqueio de cargas na manhã desta quinta-feira (9) e continuam a pedir a saída dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o voto impresso auditável. Durante período em que a reportagem esteve no local, a passagem de caminhões foi impedida. Somente veículos de passeio estão sendo liberados para seguir viagem.
Odelzo Santana de Moraes, 40 anos, um dos caminhoneiros apontado como porta-voz dos que participaram das manifestações de 7 de setembro, afirma que ainda não é o momento de acatar o pedido do presidente. “Existe o pedido, mas a gente não vai fazer isso agora, não é o momento. Tem a hora certa e a pedra vai virar para o outro lado. A gente vai fazer o pedido do presidente, mas na hora certa. A gente vai jogar a pedra para o outro lado. Eles estão querendo jogar a pedra para o presidente, para que a população fique sem os alimentos, que a inflação aumente. Não é isso que queremos. Vamos reverter isso e jogar a pedra para o outro lado, para que o presidente continue do nosso lado”, explicou.
Na gravação, Bolsonaro cita que o ato atrapalha a economia. “"Fala para os caminhoneiros aí, que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação e prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres. Então, dá um toque nos caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade. Deixa com a gente em Brasília aqui e agora. Mas não é fácil negociar e conversar por aqui com autoridades. Não é fácil. Mas a gente vai fazer a nossa parte aqui e vamos buscar uma solução para isso, tá ok? E aproveita, em meu nome, dá um abraço em todos os caminhoneiros. Valeu", diz.
Ao ficar sabendo da mobilização, Júlio César, 32 anos, membro do Direita Mato Grosso, resolveu ajudar os caminhoneiros com água e alimentos. Além da saída dos ministros do STF, ele cita a alta no preço dos combustíveis e dos produtos da cesta básica como justificativas. “Somos pessoas com revolta no peito e trouxemos esse apoio aos caminhoneiros. Não sou liderança, mas sou um que representa algumas pessoas na comunidade onde mora”, diz.
Ele não concorda em parar com o movimento, mas afirmou que não é uma questão de discordar do presidente. Júlio César acrescentou também que Bolsonaro tem razão ao citar aumento da inflação que pode ser causado pelos bloqueios. “Ele está certíssimo, só que não tem como ele dizer para gente que vai ter caos, pois já tem”, afirma.
As manifestações pró-Bolsonaro começaram no feriado da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro. Em Cuiabá, o ato teve sete mil veículos e 30 mil pessoas. Uma carreata começou na avenida do CPA e seguiu até a Orla do Porto.
A PRF identificou mobilizações nos seguintes trechos:
BR 364 - KM 396 - Cuiabá - Passando veículo de passeio
BR 163 Km 821 - Alto da Glória - Sinop – Rodovia desobstruída às 8h.
BR 163 KM 687 - Lucas do Rio Verde - Manifestantes desmobilizando.
BR 158 - Confresa – Interdição parcial (apenas para veículos de carga).
BR 070 KM 376 e 383 - Campo Verde - Passando veículos de passeio.
BR 163 KM 593 e 601 - Nova Mutum – Passando veículo de passeio.
BR 163 KM 745 - Sorriso - Manifestação SEM bloqueio de pista.
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