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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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documento revelado pelo UOL

Apoiado por Governo Bolsonaro, plano prevê desmate de 11 mil hectares em terra indígena de Xavantes em MT

Foto: Reprodução / Ilustrativa

Apoiado por Governo Bolsonaro, plano prevê desmate de 11 mil hectares em terra indígena de Xavantes em MT
O trecho de um documento publicado em reportagem do colunista do UOL Rubens Valente na madrugada desta quarta-feira (27) revelou que o Governo Federal apoia um plano que prevê o desmate de mais de 11 mil hectares na Terra Indígena (T.I.) Sangradouro, habitada pelo povo Xavante, em uma área compreendida no município de Poxoréu (259 km de Cuiabá). 


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De acordo com a matéria (LEIA AQUI), o desflorestamento, que deve ocorrer em um prazo de dez anos, dará lugar ao plantio de soja, arroz e milho, a partir de “termos de cooperação agrícola” entre algumas lideranças indígenas xavantes e fazendeiros bolsonaristas da região. Em uma placa fincada na T.I. estão inscritos os nomes de três produtores rurais que estão autorizados a operar na região. São eles, Furlan, Ferrari e Nardes. Este último foi ouvido pelo UOL e confirmou o apoio do Governo Federal. 

“Sem o apoio do presidente da República [Bolsonaro] e da Funai [Fundação Nacional do Índio] nós não teríamos conseguido fazer o projeto. Só conseguimos em função do total apoio. A Funai em Brasília é uma extensão do nosso projeto", disse o produtor de soja José Otaviano Ribeiro Nardes, apontado pela coluna como uma das principais lideranças ruralistas da região, irmão do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-deputado federal Augusto Nardes e ex-presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste. 
(Foto: Reprodução / UOL)

Na placa encontrada em Sangradouro está ainda o título “Projeto Independência", o que, possivelmente, sinaliza que o plano de desmate integra o mote de atividades do projeto. A iniciativa, por sua vez, é uma parceria que envolve o Governo de Mato Grosso, a Funai, a Cooperativa Indígena Sangradouro e Volta Grande (Cooingrandesan) e o Sindicato Rural de Primavera do Leste.

Ainda segundo a reportagem, o plano começou nesta semana a plantar soja e arroz em uma área de 1.000 hectares perto da aldeia de Volta Grande e tem gerado conflitos dentro do limite da terra indígena. Isto porque os que são contrários à abertura da T.I. para a exploração agrícola alegam não terem sido consultados, conforme determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT 169). 
Trecho de documento da Funai que confirmo plano de desmate em T.I. Sangradouro. (Foto: Reprodução / UOL)

“Essa plantação já está destruindo o cerrado, entendeu? O mundo xavante já está sendo destruído. Eles falam que está legalizado... Esse projeto já começou de um jeito muito complicado, sem consulta prévia, livre e informada. Esse governo Bolsonaro, está claro para todos nós, está criando uma plataforma muito mais complicada do que parece. Ele dividiu a gente”, disse um xavante que preferiu não se identificar, por medo de retaliação dos apoiadores da produção mecanizada. 

Em carta publicada em maio deste ano, a Associação Xavante Warã, organização que vem desenvolvendo diferentes projetos que visam à autossustentabilidade do povo Xavante, por intermédio da preservação e conservação do Bioma Cerrado, também repudiou a iniciativa, que é caracterizada por eles como um experimento da política “anti-indigenista” do Governo Bolsonaro. 

"Ao contrário do que seu nome pretende transparecer, o projeto nada tem de independência ou autonomia para o povo A'Uwe Xavante. Na verdade, o projeto é mais um estímulo à dependência e ao arrendamento, com ares de legalidade. Sabemos que a finalidade última desse projeto - que é político - é de se apropriar do nosso território, sob falsa e hipócrita justificativa de desenvolvimento econômico das nossas comunidades", disse trecho do documento. 
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