Empresas com capital ucraniano e indiano estão lucrando com a extração de diamantes em Mato Grosso, principalmente em áreas de bioma amazônico. É o que demonstra um levantamento feito pela reportagem do
Olhar Direto. Acesso aos dados completos neste
link.
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Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) a reportagem teve acesso às empresas que realizaram extração de diamantes entre 2019 e 2021. Com os dados obtidos também foi possível acessar informações sobre pessoas jurídicas e físicas que solicitaram permissão da Agência Nacional de Mineração (ANM) para realizar estudos em busca de diamantes.
A atenção sobre a mineração de diamantes no estado veio à tona na imprensa depois que o ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Nilton Borges Borgato, foi preso pela Polícia Federal com um pacote de diamantes encontrado debaixo de sua cama.
Borgato não é o único interessado no mineral: os dados obtidos mostram que pelo menos 91 extrações foram registradas em minas espalhadas pelo estado. Entre o período de 2019 e 2021 foram extraídos 33 mil quilates em municípios como Guiranting, Juína, Poxoréu, Torixoréu e Ribeirãozinho.
O total extraído corresponde a uma produção verdadeiramente milionária, mas muito pouco foi revertido em impostos. Deste total apenas R$318 mil foram pagos em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), tributo destinado à produção do minério.
A maior parte da produção é concentrada em cooperativas de garimpeiros, que se dedicam a procurar pelo diamante em garimpos simples, sem tanta tecnologia. Em alguns casos, porém, estrangeiros também conseguem minerar no estado e extraem cifras milionárias dos diamantes mato-grossenses.
Capital indiano
Duas empresas com capital estrangeiro registram extração de diamantes entre 2019 e ano passado. A Indo - Brasil Importação e Exportação, que pertence ao empresário indiano Dalsukh Himmatlal Patel, que extraiu 502 quilates em diamantes. Cada quilate equivale a 0,2 gramas.
Diversos fatores podem determinar o preço de uma gema. De acordo com publicação do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) cada quilate de um diamante vale US$63.000,00.
Os 502 quilates foram retirados pela empresa indiana no município de Juína, que foi o município com maior produção no período. De acordo com as informações da ANM, Juína teve uma produção de 20 mil quilates nos três últimos anos.
A Índia se tornou um dos países com mais concentração da indústria de diamantes nos últimos anos. Muito do que se extrai no resto do mundo passa pelo país e é remetido para grandes centros da Europa, como Antuérpia na Bélgica, Londres na Inglaterra e Amsterdam na Holanda.
Capital ucraniano
A presença ucraniana na extração de diamantes também é forte em Mato Grosso. A empresa LVR Comércio e Extração Mineral Ltda. movimentou 1544 quilates no período.
A LVR pertence aos ucranianos Sergii Antonenko, Dmytro Rillie e Dmytro Getman. O diamante é retirado de uma área de 455 hectares em Juína. A empresa apresentou uma solicitação de emissão de guia em que consta a perspectiva de retirar até 50 mil toneladas de “minério de diamante” da região.
A empresa ucraniana pagou R$2.729,41 em impostos pela quantidade de diamante extraída entre 2019 e 2021. No caso da empresa indiana, de Dalsukh Himmatlal Patel, o valor total pago em CFEM foi R$993,00.