Um trabalho de vigilância genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Laboratório Central de Mato Grosso (Lacen-MT), identificou três casos da cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue em Mato Grosso. A nova linha, considerada a mais disseminada no mundo, teve o seu primeiro caso registrado no Brasil em novembro do ano passado, em Goiás.
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De acordo com a assessoria da Fiocruz, as novas análises detectaram a linhagem em mais 14 amostras. Sendo elas em Goiás (7), Mato Grosso do Sul (4) e Mato Grosso (3), elevando para 15 o total de registros na região Centro-Oeste.
Os sequenciamentos genéticos foram realizados pelo Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com os Lacens dos três estados. Os relatórios finais foram enviados para as Secretarias estaduais de Saúde, o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Ainda conforme a Fundação, o genótipo cosmopolita é a linhagem mais disseminada do sorotipo 2 do vírus da dengue em todo o mundo, com presença na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África. Nas Américas, a primeira identificação ocorreu em 2019, durante um surto no Peru.
No Brasil, além das notificações no Centro-Oeste, seis casos foram detectados em análises realizadas pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, no mês passado.
(Foto: Reprodução / Fiocruz)
O pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz, Luiz Alcântara, que coordenou o estudo no Centro-Oeste, afirma que os novos dados confirmam a circulação sustentada da linhagem na região.
“Considerando o aumento do número de casos de fevereiro até hoje, vemos que o genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue está sendo transmitido de maneira ativa”, declara o virologista.
Dos 15 achados, dois ocorreram em amostras referentes a casos de 2021: um registrado em julho, no Mato Grosso do Sul, e outro, em novembro, em Goiás. As identificações restantes foram realizadas em amostras referentes a casos ocorridos a partir de fevereiro de 2022.
Em dois casos, registrados em Goiás, a linhagem cosmopolita foi detectada em amostras referentes a casos de óbito por dengue. De acordo com Alcântara, os achados reforçam a importância das ações de vigilância para mapear a disseminação da linhagem no Brasil.
“É necessário que se faça a vigilância em todos os estados do país”, aponta.