O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, fez hoje duras críticas a um possível pacote do governo de ajuda às grandes indústrias do setor durante audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado para debater os impactos da crise financeira na indústria frigorífica nacional e na pecuária de corte. "Eu queria entender porque é preciso socorrer companhias que cometeram erros internos, com a injeção de recursos em empresas que entraram com pedido de recuperação judicial", afirmou. 

Notícia publicada ontem no jornal Valor Econômico indicava que o governo injetaria recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil nos grandes frigoríficos. "Ninguém está pensando em socorrer os pequenos e médios, que respondem por 70% do abastecimento do mercado interno", afirmou Salazar. Ele disse ainda que muitos frigoríficos cresceram "quando o sol brilhava para todos". "Agora, na sombra, o governo vai ajudar essas empresas que cometeram erros", afirmou.

Salazar contou que o assunto foi discutido ontem com os sindicatos ligados à Abrafrigo e o sentimento é de "indignação" com a possível ajuda do governo a esses setores. Ele disse também que os grandes frigoríficos são os que têm melhores condições para sair da crise. Segundo o presidente da Abrafrigo, estas empresas podem redirecionar seus negócios e escolher os melhores caminhos para sair da crise. Como uma solução conjunta para o todo setor, ele defendeu a desoneração de PIS e Cofins para a carne que é consumida no mercado interno.

Pela manhã, ao chegar ao Senado para participar da audiência, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse desconhecer qualquer pacote de ajuda que estaria sendo preparada pelo governo para ajudar os frigoríficos.