O presidente Lula afirmou que a anulação do leilão do arroz se deu porque houve uma “falcatrua numa empresa”. A declaração dada nesta sexta-feira (21) é referente à polêmica concorrência para a compra de arroz importado, que acabou cancelada na semana passada após indícios de irregularidades.
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A crise gerou a demissão do então secretário de Política Neri Geller (PP), que prestou depoimento na Câmara dos Deputados na terça-feira (18) e disse ter ficado magoado com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), pela exoneração.
Lula reforçou que o governo pretende fazer um novo leilão, desta vez acompanhado pela Controladoria Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU).
"Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E, depois, tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá para ser um preço exorbitante", argumentou Lula, em entrevista à rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí.
O petista ainda disse que o objetivo é financiar áreas de outros estados produtivos de arroz, para que o país não fique dependente apenas de uma região, como o Rio Grande do Sul, que enfrentou grandes enchentes no mês passado – o que acabou motivando o governo federal a realizar o leilão, para combater a especulação criada em torno da comercialização do alimento.
A polêmica que culminou da suspensão do leilão ocorreu pelo fato de ex-assessor de Neri, que também é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão. Entidades agrícolas e membros da oposição apontaram um suposto favorecimento da corretora do ex-funcionário de Neri na concorrência.
Lula durante reunião com os ministros da Casa Civil, Rui Costa; Ministro da Fazenda, Fernando Haddad; Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro; Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira e o Diretor-Presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto
O leilão
Em relação à capacidade técnica das vencedoras do leilão de importação de 263 mil toneladas de arroz, o que se tem apontado é que três das quatro vencedoras não são do ramo de arroz ou de importação, o que, segundo analistas de mercado, poderia gerar problemas na operação.
Essas empresas receberiam recursos do governo para importar e entregariam o produto em unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Por outro lado, nenhuma companhia tradicional participou do leilão, segundo uma das bolsas que operou a negociação.