Desde o dia 20 de agosto, a região de Porto Estrela, em Mato Grosso, enfrenta uma grave crise ambiental devido a quatro grandes focos de incêndio que devastaram aproximadamente 60 mil hectares.
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Dentre essas áreas, cerca de 28 mil hectares foram atingidos na Estação Ecológica da Serra das Araras, uma unidade de conservação federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A Estação Ecológica da Serra das Araras, caracterizada por um relevo acidentado e de difícil acesso, tem enfrentado grandes desafios para o combate ao fogo. As altas temperaturas, a baixa umidade do ar e a fumaça densa têm dificultado até mesmo o uso de helicópteros, obrigando os brigadistas a adotar estratégias alternativas.
"Além de proteger a sede da unidade, os brigadistas se empenharam em salvar pequenas porções ao sul e as parcelas de pesquisa do Projeto Cerfogo, coordenado pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Uma vez atingidas, essas áreas poderiam comprometer uma pesquisa científica em andamento há quase uma década", explicou Marcelo Andrade, chefe da unidade.
Para enfrentar o incêndio, o ICMBio tem trabalhado em conjunto com a Prefeitura Municipal de Porto Estrela e com a comunidade local. As ações coordenadas visam proteger as propriedades e comunidades rurais situadas ao redor da unidade. A atuação inclui desde o uso de maquinários pesados até táticas de combate indireto para impedir a propagação do fogo para áreas habitadas.
No entanto, é importante destacar que a atuação do ICMBio é restrita às unidades de conservação e áreas adjacentes, e o órgão não pode intervir em áreas fora de seu entorno, a não ser em operações acordadas com o estado.
As operações de combate ao incêndio na Estação Ecológica da Serra das Araras fazem parte da Operação Integrada Pantanal Norte, uma grande iniciativa que envolve o ICMBio, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso. Ao todo, mais de 170 profissionais estão envolvidos nas atividades de combate, logística e planejamento.
Enquanto isso, no Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, as operações de combate ao incêndio começaram em junho. O fogo foi controlado há cerca de duas semanas, graças ao esforço de mais de 40 brigadistas do Instituto Chico Mendes. Nuno Rodrigues, chefe da unidade, informou que os brigadistas continuam monitorando e vigiando as áreas afetadas e permanecem em alerta para o combate a possíveis reignições.
A cooperação entre instituições e a mobilização da comunidade local têm sido fundamentais para enfrentar esta crise ambiental, destacando a importância de um esforço conjunto para proteger e preservar as áreas naturais e a biodiversidade do estado.