Membro da Comissão de Ética, o vereador Renivaldo Nascimento (PSDB), afirmou que a prisão do colega Paulo Henrique (MDB) durante nova fase da Operação Ragnatella deve destravar a análise da abertura do processo disciplinar que pode resultar na cassação do mandato do emedebista.
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Na manhã desta sexta-feira (20), horas depois de Paulo Henrique ser preso por agentes da Polícia Federal em sua casa, na capital, Renivaldo garantiu que o processo nunca esteve engavetado, mas que os membros da comissão aguardavam desdobramentos da investigação.
A abertura do processo disciplinar foi requerida em junho, na primeira fase da operação, quando o vereador foi alvo de mandado de busca e apreensão. Na época, o emedebista se afastou da Câmara de Cuiabá e retornou meses depois de olho na campanha pela reeleição.
“O processo nunca ficou parado. A Comissão de Ética tem que ter responsabilidade, pois mexe com a vida de pessoas. Alguns vereadores dessa casa querem sangue. A Comissão de Ética, com certeza, vai reanalisar o processo, estava aguardando a finalização dessa investigação, o que aconteceu. E vai tomar as providências que o caso requer”, afirmou Renivaldo.
“Agora, com esse mandado de prisão, deve ter algum fato novo e essa casa tem pura obrigação de tomar as providências necessárias. Até então, não tinha nenhum fato que o ligava à prática delituosa. Existem indícios”, completou.
O procurador-geral da Câmara, Marcus Brito, afirmou ao Olhar Direto que ainda não foi notificado sobre a prisão e que a questão deve ficar sob responsabilidade da Comissão de Ética, presidida pelo vereador Rodrigo Arruda e Sá (PSDB).
Quanto a análise ou não da manutenção da prisão de Paulo Henrique, o procurador ressaltou que é preciso analisar o mandado para saber se cabe aos vereadores tal decisão.
A prisão
Preso nesta sexta-feira (20), durante a operação Pubblicare – segunda fase da Operação Ragnatella -, Paulo Henrique teve sua candidatura deferida pela Justiça. Segundo as informações da força-tarefa, dessa vez, a operação busca combater o núcleo da organização formado por agentes públicos. A suspeita é de que eles colaboravam com a facção Comando Vermelho nos crimes de lavagem de dinheiro, organizando shows e eventos em casas noturnas da capital.
O suposto grupo criminoso teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil. A compra foi paga em espécie, com o lucro auferido de atividades ilícitas.
Na primeira fase da operação, em junho, Paulo teve o celular apreendido, bem como um veículo, pois foi apontado como interlocutor entre a facção criminosa e agentes públicos.
A FICCO identificou que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos, responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. As investigações também apontam que o parlamentar atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.
Na época, de acordo com as investigações, o parlamentar receberia benefícios financeiros do grupo. Aos investigados são imputados os crimes de corrupção passiva/ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, juntamente com membros da facção indiciados durante a operação Ragnatella.