A Polícia Civil apreendeu arma e munições na casa do advogado e candidato a vereador Ary Campos (PT), alvo da operação Inflitrados, deflagrada na manhã desta sexta-feira (27) em Rondonópolis (215 km de Cuiabá) e outras cinco cidades do estado. Ele é suspeito de ter a candidatura financiada por uma facção criminosa. Além do jurista, a Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (AFAR) também está na mira da polícia.

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A operação apura crimes de tráfico ilícito de drogas, associação para o tráfico ilícito de drogas, integrar organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Como apurado pela reportagem, os policiais realizaram busca na casa, escritório e loja de Ary, que ficam no mesmo lugar. Ele não estava no local no momento e os agentes precisaram arrombar o portão para ter acesso à residência. No local, foram apreendidos uma pistola .380, carregadores e 35 munições do mesmo calibre, sendo 13 intactas e 22 deflagradas.

Ary é advogado. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - seccional Rondonópolis, Bruno de Castro Silveira, acompanhou as buscas. Ele esclareceu que o candidato não teve mandado de prisão expedido. 

Entre as medidas cautelares impostas ao advogado e candidato estão monitoramento por tornozeleira eletrônica e restrições de movimentação, com proibição de sair de casa em horários específicos estabelecidos pela Justiça.

Além do candidato Ary, o outro alvo é a Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (AFAR). Investigação apontou que a associação foi usada para lavar dinheiro e realizar eventos e assistencialismo em benefício de uma facção criminosa e do candidato.

Lá, ainda de acordo com a apuração da reportagem, foram apreendidos cerca de R$ 17 mil em dinheiro. Valores em espécie entre R$ 50 mil e R$ 90 mil também foram apreendidos com outros alvos.

Investigações

Desde 2021, a Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Rondonópolis (Derf) investiga a atuação do grupo, que detém o monopólio do tráfico de drogas na Vila Operária e em 20 bairros adjacentes. Além do tráfico, a facção organizava rifas, bingos e torneios de futebol para arrecadar fundos, direcionados à facção e a campanhas políticas. Parte dos membros do grupo já se encontrava detida por outros crimes, e dois irmãos lideram as operações ilícitas, envolvendo outros familiares.

O delegado Fábio Nahas, responsável pela operação, destacou que o grupo criminoso atua com extrema violência, incluindo ações contra seus próprios integrantes, desafiando o estado de direito e consolidando seu domínio sobre o tráfico na região.

A Operação Infiltrados contou com o apoio de diversas unidades policiais, incluindo a Delegacia Regional de Rondonópolis, a Delegacia Regional de Primavera do Leste e a Diretoria do Interior, para garantir o cumprimento dos mandados judiciais em múltiplos municípios.

Operação

Ao todo, a Operação Inflitrados cumpriu 73 ordens judiciais, sendo 26 mandados de prisão preventiva, 34 de busca e apreensão, além de 13 medidas cautelares diversas contra 43 investigados.

Além de Rondonópolis, os mandados judiciais expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo) também foram cumpridos nas cidades de Água Boa, Barra do Garças, Campinápolis, Guiratinga, Lucas do Rio Verde e Pedra Preta.