O governador Mauro Mendes (União) criticou a ausência de uma defesa enfática dos produtores rurais por parte do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD). Segundo Mendes, Fávaro deveria ter agido para rebater as falas da ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), em relação às queimadas no Brasil, e, que associou grande parte das queimadas a práticas criminosas em propriedades privadas.
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Mauro reforçou que os produtores rurais têm adotado modernas técnicas agrícolas que dispensam o uso do fogo, e classificou as afirmações de Marina Silva como desatualizadas. “Olha, ninguém que conheça um pouquinho do que é o mundo do agronegócio, seja ele na pecuária, na agricultura, na agricultura familiar, pode concordar com aquilo que a Marina disse”, disse o governador. Ele ressaltou que, caso Fávaro tenha presenciado a fala sem contestá-la, cometeu um erro.
Mauro defendeu que o ministro deveria ter se posicionado a favor dos produtores rurais. “O produtor rural não queima dinheiro”, afirmou. O governador explicou que os restos das safras, como a palhada de soja ou milho, são aproveitados como adubo ou proteção do solo para as próximas safras, sendo irracional queimar esses materiais. “Queimar aquilo seria a mesma coisa que você queimar numa loja o estoque. Pega uma parte do seu estoque e fala vou meter fogo aqui porque é bom para mim. Então isso é irracional”, argumentou.
Marina Silva havia apontado que 85% das queimadas no país ocorrem em áreas privadas, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e relacionou os incêndios à ação humana criminosa, agravada por fenômenos climáticos como El Niño e La Niña. Contudo, para Mauro, tais práticas são coisa do passado. Ele lembrou que, há 50 anos, o uso do fogo era comum na agricultura familiar, mas que as técnicas atuais são muito mais avançadas.
“O pasto, mesmo que seco, ele serve de alimento para o gado. E quando não tem nada, o gado acaba comendo ali um brotinho, alguma coisa, um pouquinho. Se vem um fogo e queima, essa história que o produtor colocava fogo, quando eu tinha 10 anos de idade, ou seja, 50 anos atrás, isso era uma verdade”, comentou o governador, ao mencionar que muitos produtores, atualmente, possuem brigadas próprias para combater incêndios e preservar suas propriedades.
Mauro ainda destacou que ele e o ministro Fávaro têm funções distintas e que não é necessário “abraçar” para que ambos cumpram seus papéis. “O ministro tem o papel dele para cumprir, não preciso abraçar com ele para cumprir não. Ele tem que cumprir o dele, tenho que cumprir o meu e juntos podemos cumprir o nosso papel. Não precisamos ficar abraçados não, até porque eu não fico abraçando muito homem não”, concluiu.