O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), rebateu nesta sexta-feira (29) as críticas ao pacote fiscal anunciado pelo governo federal, afirmando que a reação negativa do mercado financeiro, que levou o dólar a superar os R$ 6, é resultado de especulação. Durante um encontro com prefeitos eleitos e reeleitos em Mato Grosso, Fávaro destacou a importância de confiar na condução econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e na capacidade do governo de adotar novos ajustes, caso necessário.
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O pacote fiscal, apresentado na última quinta-feira (28), prevê a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 a partir de 2026 e maior tributação sobre rendas superiores a R$ 50.000. A proposta gerou reações no mercado, refletindo dúvidas sobre a viabilidade das medidas e a expectativa de um impacto de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030.
Segundo Fávaro, é necessário analisar as críticas com cautela e observar o histórico recente de crescimento econômico do país. “Viver de previsão, só de crítica, não tem dado muito certo. O mercado previa, no começo de 2023, um crescimento de 0,8%. O Brasil cresceu 3%. Algumas regiões, como o Centro-Oeste, têm desemprego de 2%, um cenário de pleno emprego”, argumentou. Ele também atribuiu parte da alta do dólar a fatores globais, como tensões geopolíticas e mudanças políticas nos Estados Unidos, mas criticou o papel de especuladores no mercado financeiro.
“Quem é o mercado financeiro? Meia dúzia de bancos e especuladores que têm capacidade de movimentar, injetam recursos comprando o dólar, o dólar dispara. Aí vem inflação, taxa de juros mais alta, e quem recebe os juros? O mesmo mercado financeiro. É um movimento especulativo”, analisou o ministro, reforçando que a estabilidade econômica continua sendo uma prioridade do governo.
Entre os críticos do pacote fiscal está o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), que, mais cedo, durante a posse do novo comandante da Polícia Militar, classificou o impacto das medidas como “um momento ruim da trajetória desse país”. Mauro destacou projeções de aumento da taxa de juros e riscos inflacionários, alertando para os efeitos das decisões econômicas na vida da população.
Apesar das divergências, Fávaro ressaltou a responsabilidade da equipe econômica e afirmou que ajustes poderão ser feitos se necessários. “Se precisar fazer mais ajustes, vai fazer, porque não tem nada mais importante que o controle inflacionário para a estabilidade de preços. Afinal de contas, se a inflação sobe, quem paga a conta são os mais humildes”, concluiu.