Olhar Direto

Sábado, 20 de abril de 2024

Notícias | Turismo

Na Colômbia, Barranquilla mantém autenticidade de festa movida a cumbia

Uma semana antes do início (oficial) do Carnaval, Barranquilla, na Colômbia, respirava folia. Afinal, de que serve a burocracia do calendário na festa em que reis viram escravos e homens se transformam em mulheres? Bonecos gigantes, um Rei Momo bem magrinho e um exército de arlequins tomavam conta das ruas.


Foi assim, colorida, dissimulada e com gosto de rum, que começou a noite de Guacherna, em 13 de fevereiro, a maior festa do Caribe. Na cidade onde nasceu Shakira, na costa atlântica da Colômbia, o Carnaval não dá samba, mas cumbia, um ritmo com mais malemolência que a batucada baiana ou a bateria carioca.

Em Barranquilla, o sol é cruel. O vento forte, que sopra do Caribe, quase arrasta as pessoas ao som de uma melodia vinda de flautinhas de bambu chamadas "millo", cadenciando os foliões avenida abaixo.

Se Shakira é a filha mais ilustre daquelas latitudes, a trilha sonora local em nada lembra o pop rock da estrela latina. Na terra do Carnaval (com o devido respeito ao Rio e à Bahia), o ritmo é uma mistura de salsa, rumba e, claro, cumbia.

A festa de Barranquilla é cerimoniosa. Começa com o desfile de Guacherna, tem o ápice na Batalha de Flores (no sábado de Carnaval) e termina com o Enterro de Joselito. Na tarde da terça-feira gorda, o cortejo fúnebre (ou os cortejos, afinal são muitos os joselitos) desfila pelas ruas, acompanhado por foliões chorosos e um mar de carpideiras. Com tanto rum e a festa por terminar, o choro vem fácil.

O enredo é parecido com o da festa brasileira -na Quarta-Feira de Cinzas, os foliões começam a pensar no próximo Carnaval. O resto é suor e animação.

Considerada Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco, a festa de Barranquilla é uma mistura bem temperada da cultura caribenha. Há grupos folclóricos, com mulheres de saias rodadas e homens elegantes dançando uma espécie de quadrilha. Há ainda o mapalé, a dança dos quilombos, com mulheres negras vibrando os corpos num ritmo alucinante como o dos tambores africanos. 

Talvez por guardar uma certa inocência, ainda longe do espetáculo organizado das escolas de samba brasileiras, o Carnaval de rua colombiano pareça mais autêntico.

Há uma infinidade de personagens, que os moradores classificam como "comparsas", "congos" e outros termos pouco inteligíveis a um estrangeiro, num esforço cartesiano para botar um pouco de ordem no caos carnavalesco.

Para os colombianos, Carnaval e Barranquilla são sinônimos. A cidade caribenha de 2 milhões de habitantes não tem praias bonitas -embora Cartagena fique perto, com sua arquitetura colonial magnífica e o mar verde do Caribe.

Tudo isso em um cenário ao redor do delta do cinzento rio Magdalena, por onde subiam os vapores de "O Amor nos Tempos do Cólera", de Gabriel García Márquez. O escritor viveu ali e consta que pulou muito Carnaval em Barranquilla. Vendo a infinidade de arlequins, homens descabeçados, rainhas e personagens coloridos de todo tipo, não é de se estranhar que fantasia e realidade se misturem nas ruas da cidade e na obra do escritor.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet