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Terça-feira, 16 de abril de 2024

Notícias | Turismo

Montevidéu inaugura ''necroturismo'' em cemitério do século 19

Ao cair da noite em Montevidéu (Uruguay), dezenas de rostos que não escondem a ansiedade se reúnem em frente à entrada do cemitério mais antigo da cidade, dispostos a penetrar na atmosfera da morte com um novo olhar: o do "necroturista".


Curiosos de todos os perfis e idades decidiram apostar nesta iniciativa da Prefeitura de Montevidéu, que inaugurou na semana passada a primeira das visitas guiadas que percorrerão periodicamente o cemitério público mais antigo da capital uruguaia.

Construído em 1835 e ampliado em 1860 e 1868, o Cemitério Central foi concebido como um jardim cercado por arvoredos e túmulos no qual "era normal ver pessoas caminhando", diz uma das pessoas que trabalham como guia deste peculiar itinerário, a professora de História da Arte Marta Sírtori.

Quase 30 visitantes formavam o grupo que Sírtori guiou no tour inaugural pelo cemitério, ambientado pela música de quatro mulheres que tocam violino, violoncelo, flauta e oboé em diversos pontos do local.

Junto aos motivos religiosos --como cruzes e imagens de Jesus Cristo-- e à simbologia mórbida do local há âncoras (consideradas elementos de salvação), papoulas (flores que "conduzem ao sonho eterno"), e figuras que mostram "a velhice e a passagem do tempo", como os relógios de areia, indica Sírtori.

Os anjos, intermediários entre o céu e a terra, dividem espaço com símbolos maçônicos e decoração militar, "em linha com as antigas Grécia e Roma", acrescenta a guia.

Sírtori afirma que o objetivo desta proposta cultural é "realçar a arte motivada pela morte, e trabalhar com muito respeito e carinho pelas pessoas que se foram".

Entre os atentos visitantes está Marina, de 13 anos, que deixa por um instante o grupo de turistas para fotografar com sua câmera digital as diferentes formas que simbolizam a morte.

"É muito boa a ideia de visitar um cemitério desta forma", diz Marina antes de fotografar um dos túmulos que exemplifica a "nova arte funerária, de linhas mais líquidas, muito mais simples", como descreve Sírtori.

"A arte de hoje não é uma arte carregada, como a dos séculos 18 e 19", diz a especialista, para quem o cemitério é valioso não apenas pelas pessoas enterradas no local, mas também pelas as obras que ele abriga.

Com seus monumentos e esculturas, o cemitério relembra a história da capital uruguaia, e o passeio pelo local serve também para mostrar um pouco mais sobre a arquitetura de Montevidéu.

"Com o percurso aprendemos sobre escultores e arquitetos, pessoas que também fazem parte da nossa história", afirmou Andrea, outra das visitantes.

A rapidez com que as cem entradas para o passeio se esgotaram foi comemorada por Sírtori, que não esperava "tanta repercussão" desta nova ideia em Montevidéu, mas que acontece há anos em outras famosas cidades espalhadas pelo mundo.

Os próximos passeios pelo Cemitério Central foram agendados para os dias 12 e 26 de março. A Prefeitura de Montevidéu pretende realizar o tour em duas quintas por mês, pelo menos até maio.
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