O deputado estadual Júlio Campos (União) reafirmou sua defesa pela concessão dos serviços de água e esgoto de Várzea Grande à iniciativa privada, seguindo o modelo adotado em Cuiabá. O parlamentar, que já foi prefeito da cidade, ressaltou a necessidade de diálogo da prefeita Flávia Moretti (PL) com a Câmara Municipal para viabilizar a proposta.
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“Eu não vejo outra solução. Já defendi isso desde a gestão da prefeita Lucimar Campos e insisti com o ex-prefeito Kalil Baracat. Em Cuiabá, tínhamos problemas graves de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Hoje, a situação melhorou significativamente. Várzea Grande precisa seguir o mesmo caminho, pois temos um sistema antigo e defasado”, afirmou Júlio Campos.
O deputado pontuou que, embora a cidade possua cinco estações de tratamento de água, a distribuição é prejudicada pela infraestrutura antiga. Segundo ele, a tarifa de aproximadamente R$ 23,00 cobrada pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) é insuficiente para custear as melhorias necessárias.
“Não há arrecadação que suporte o crescimento da cidade. A solução é atrair um grupo empresarial para operar o sistema por meio de concessão, com assessoria de instituições como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil ou BNDES, e realizar um leilão na Bolsa de Valores de São Paulo”, destacou.
A prefeita Flávia Moretti já abriu uma Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), e cinco grupos empresariais demonstraram interesse. O próximo passo será o aprofundamento dos estudos técnicos e a elaboração de um projeto a ser encaminhado para a Câmara Municipal.
Júlio Campos alertou, no entanto, que a gestão municipal precisa melhorar sua relação com os vereadores, especialmente com o presidente da Câmara, Wanderley Cerqueira (MDB). Segundo ele, o sucesso do projeto dependerá do apoio do Legislativo e de uma ampla discussão com a sociedade.
“Falta diálogo. Nenhum governo tem sucesso sem o apoio do Poder Legislativo. A prefeita precisa ter sensibilidade política e construir uma parceria sólida com os vereadores, além de envolver a sociedade civil organizada nesse debate”, acrescentou.
A relação entre a prefeita e os vereadores sofreu desgastes no último mês, especialmente após sua recusa em atender a solicitação da Câmara para nomear o ex-vice-prefeito Arilson Arruda como diretor do Pronto-Socorro Municipal. O episódio gerou insatisfação entre os parlamentares, ampliando a distância entre os poderes.
Para evitar novos impasses, o secretário de Governo, Benedito Lucas (Dito Lucas), afirmou que a gestão municipal buscará estreitar relações com os vereadores e manter um diálogo aberto. "Estamos de coração aberto para manter uma relação harmônica", disse.
A privatização do DAE é uma das prioridades da administração municipal, mas a aprovação do projeto dependerá do entendimento entre Executivo e Legislativo. A recente decisão dos vereadores de revogar a concessão do aterro sanitário, proposta pelo ex-prefeito Kalil Baracat, foi interpretada como um recado político para a prefeita, evidenciando os desafios na articulação política.