O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) Antenor Pimentel Marcondes disse, na manhã desta segunda-feira (10), que a extorsão sobre o lucro de comerciantes e empresários de Várzea Grande faz parte de um novo “projeto financeiro” da maior facção criminosa de Mato Grosso, o Comando Vermelho (CVMT).
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A informação foi repassada durante coletiva de imprensa para tratar sobre a Operação A César o que é de César. A ação tem como principais alvos dois suspeitos que ameaçaram e extorquiram lojistas a pagar uma taxa sobre o faturamento ou teriam seus estabelecimentos incendiados. Ambos foram presos.
A modalidade é considerada nova, porque os líderes do grupo criminoso costumam exigir taxa de segurança. Ou seja, os empresários tinham que pagar uma mensalidade aos criminosos para se livrar deles mesmo.
“Essa modalidade do comando [facção criminosa] eles classificam de novo projeto. Então não é só no camelódromo de Várzea Grande, a gente tem exemplo que algo bem mais amplo, como foi o caso lá do município de Paranatinga”, disse o delegado.
A situação citada pelo delegado refere-se a um grupo de criminosos que incendiou uma loja de calçados e variedades na cidade de Paranatinga. A ação criminosa ocorreu porque o proprietário não aceitou pagar o valor exigido pelos criminosos. A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) informou que sete pessoas foram identificadas por participarem do crime.
O delegado explicou que a apuração iniciou em novembro do ano passado, a partir do recebimento de denúncias de que comerciantes estavam sendo coagidos pelos criminosos. As denúncias apontaram que a facção criminosa estava exigindo dos comerciantes uma “taxa de funcionamento” no percentual de 5% sobre o faturamento mensal das lojas.
Informações colhidas no decorrer do inquérito confirmaram que o principal alvo da investigação, O.R., conhecido pelo apelido de Shelby e líder do esquema criminoso, apresenta um patrimônio incompatível, uma vez que não foi comprovada renda formal, apesar de constar registro como funcionário de uma churrascaria em Cuiabá, porém, não exerce nenhuma atividade no local. A Polícia Civil comprovou que ele e a esposa têm veículos de luxo, além de imóveis.
“Hoje foi uma ação enérgica onde foram presos os líderes imediatos. Aqueles que estavam sendo os interlocutores com os comerciantes, eram os que ligavam, os que colocavam a cara a tapa e que cobravam dinheiro”, detalhou o delegado.
Os criminosos, segundo a autoridade policial, agiam com violência e que um deles é “disciplina” do grupo organizado.
“Hoje foram presos os dois principais autores/executores, os que deram a cara, sendo os mais violentos. Um deles é conhecido como sendo disciplina do comando, o outro o braço direito”, completou.