Apontado como o líder de um grupo que ameaçava e extorquia lojistas a pagar uma taxa sobre o faturamento, o criminoso O.R., conhecido como Shelby, viajou para o Rio de Janeiro no dia que ficou sabendo que estava sendo investigado pela Polícia Civil. As informações são do delegado Antenor Pimentel Marcondes, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
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A autoridade policial explicou durante entrevista coletiva, na manhã desta segunda-feira (10), que o criminoso ao perceber a movimentação da equipe investigativa comprou com dinheiro vivo uma passagem para o Rio de Janeiro e se escondeu na Favela da Rocinha.
“No dia que as investigações foram iniciadas que a gente intimou os comerciantes e eles perceberam a movimentação da polícia no mesmo dia, na madrugada do mesmo dia, esses dois suspeitos, um levou o outro ao aeroporto, comprou uma passagem à vista por R$ 5 mil em espécie e foragiu. Ele estava foragido na Rocinha”, explicou o delegado.
Shelby e o comparsa foram presos nesta segunda durante a Operação A César o que é de César. A investigação tem como principais alvos dois suspeitos que ameaçaram e extorquiram lojistas a pagar uma taxa sobre o faturamento ou teriam seus estabelecimentos incendiados. As represálias se estenderam ainda a funcionários e familiares das vítimas.
A equipe investiga iniciou a apuração em novembro do ano passado, a partir do recebimento de denúncias de que comerciantes estavam sendo coagidos pelos criminosos. As denúncias apontaram que a facção criminosa estava exigindo dos comerciantes uma “taxa de funcionamento” no percentual de 5% sobre o faturamento mensal das lojas.
O delegado lembrou das dificuldades de se deflagrar operação na Rocinha e ainda lembrou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635, a ADPF das Favelas, do Supremo Tribunal Federal (STF) que limita a realização de ações policiais na favela.
“A gente teve que lidar com esse percalço, porque hoje a Rocinha é um reduto da criminalidade. Não que a gente não possa chegar à Rocinha, mas tem que ser uma operação de guerra. O STF já disse que não pode”, completou.