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Quarta-feira, 14 de maio de 2025

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Dom Mário defende distribuição de alimentos e diz que “quem tem fome, tem direito de comer”


O arcebispo de Cuiabá, Dom Mário Antônio da Silva, defendeu a continuidade da distribuição de alimentos a pessoas em situação de rua e afirmou que qualquer medida restritiva nesse sentido deve estar acompanhada de alternativas concretas para garantir o direito à alimentação. A declaração foi feita durante entrevista ao PodOlhar, em meio a um debate nacional sobre o tema e diante de declarações do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), que sinalizou a intenção de proibir a entrega de marmitas nas ruas, sob a justificativa de que a prática não segue diretrizes sanitárias da Anvisa.

“Se esse for o único canal daquelas pessoas receberem um prato de comida, eu não sou de acordo que deva parar, simplesmente. Antes de criar uma outra condição, um outro ambiente onde eles tenham acesso à alimentação”, afirmou Dom Mário.

O arcebispo citou o trabalho do padre Júlio Lancellotti, em São Paulo, como exemplo de solidariedade e acolhimento à população em situação de rua. “É uma personalidade que nos convida a ser mais solidários com aqueles que mais sofrem. Devemos ver agora a maneira com que devemos fazer isso aqui em Cuiabá. Com o pessoal que está na rua, debaixo das pontes, nas casas abandonadas. Como fazer isso?”

Dom Mário afirmou que o impulso inicial diante da fome deve ser a assistência direta. “De imediato, qual é o nosso impulso? Dar de comer. E é um direito de quem está com fome comer. E é um direito de quem tem não acumular”, disse. Para ele, a ação emergencial deve ser acompanhada de políticas de longo prazo voltadas à reinserção social.

“Junto com esse dar de comer, é preciso viabilizar meios de resgate, de cidadania para essas pessoas. Claro que não temos estrutura para reaver a situação de todos de imediato, mas, na medida em que vamos abrindo caminho, é possível transformar a vida de muitos”, completou.

Durante a entrevista, Dom Mário também fez referência a um documento do Papa Francisco sobre migração, que propõe quatro eixos que ele considera aplicáveis à população em situação de rua: “acolher, proteger, promover e integrar”. Para o arcebispo, esse deve ser o norte da ação pública e comunitária.

A discussão sobre a distribuição de alimentos nas ruas ganhou repercussão nacional com o trabalho do padre Júlio Lancellotti, que enfrenta resistência de setores políticos e administrativos em São Paulo. Em Cuiabá, o prefeito Abílio afirmou no início da gestão que buscaria diálogo com entidades religiosas sobre o tema, sugerindo a proibição da prática por motivos sanitários.

Dom Mário reconhece que a solução definitiva para o problema não está apenas na assistência direta, mas reitera que, enquanto outras formas de acolhimento não forem efetivamente implementadas, o fornecimento de refeições deve continuar. “É um desafio que dói no coração da gente. Não podemos ficar só no assistencialismo. Mas ele é inegável e necessário enquanto ainda não conseguimos avançar para um trabalho mais estruturado de promoção da vida”.
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