Há uma semana, a Polícia Civil prendeu o casal de empresários Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, apontados como mandantes do assassinato do advogado Renato Nery, morto em julho do ano passado em Cuiabá. Em entrevista ao programa Cidade Alerta da TV Vila, a filha da vítima, Livi Nery, afirmou que, embora a vida do pai "não tenha valor", considera incoerente o valor de R$ 200 mil alegado como pagamento pelo crime devido ao número de envolvidos.
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“A vida do meu pai não tem valor, mas esse alegado, até o momento, acho incoerente. Se já tem 10 pessoas presas, esse valor de R$ 200 mil, dividido por 10 pessoas, eu não acredito que uma pessoa mataria por R$ 20 mil”, disse nesta quinta-feira (15).
Ela também disse ter dúvidas sobre o casal ser os únicos responsáveis pelo crime, alegando que outras pessoas estariam envolvidas.
Acho pouco provável [que eles sejam os únicos mandantes]. É uma terra que envolvia a família toda, e não apenas o casal. Ali eram posseiros que passaram várias famílias, então eu não acredito que eles seriam os únicos. Devem ter outras pessoas que colaboraram por trás. Isso é o que a gente acredita, não tenho como afirmar”, completou.
O policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva foram denunciados por homicídio qualificado — com as agravantes de promessa de recompensa, perigo comum, dificuldade de defesa da vítima e idade avançada da vítima —, além de fraude processual (por tentativas de ocultar provas e dificultar as investigações) e organização criminosa. O PM também foi acusado de abuso de autoridade, por uso indevido do poder.
As investigações apontam que Alex e Heron planejaram o assassinato do advogado, monitorando sua rotina antes da execução. A denúncia foi assinada pelos promotores de Justiça Élide Manzini de Campos, Rinaldo Segundo, Samuel Frungilo e Vinicius Gahyva Martins.
Vínculo com outro caso
Na segunda-feira (12), o MPMT também denunciou o sargento PM Jorge Rodrigo Martins, o cabo PM Wailson Alessandro Medeiros Ramos, o soldado PM Wekcerlley Benevides de Oliveira e o PM Leandro Cardoso pelo homicídio de Walteir Lima Cabral e pela tentativa de homicídio contra Pedro Elias Santos Silva e Jhuan Maxmiliano de Oliveira Matsuo Soma. Os quatro policiais foram denunciados por fraude processual — por alteração da cena do crime para simular um confronto armado — e abuso de autoridade.
Os crimes ocorreram em 12 de julho de 2024, no Contorno Leste, próximo ao bairro Pedra 90, em Cuiabá. Os policiais alegaram confronto armado, mas a investigação revelou que as vítimas estavam desarmadas e que a cena foi manipulada.
Segundo a denúncia, Pedro, Walteir e Jhuan haviam roubado um veículo e, durante a perseguição policial, foram atingidos por disparos. Walteir foi perseguido e morto, Pedro foi alvejado no peito e Jhuan conseguiu fugir. A arma utilizada pelos policiais foi apreendida, e a perícia constatou que ela também foi usada no assassinato do advogado Renato Gomes Nery.