Em apenas um ano, o Instituto Pronatur viu seus repasses saltarem de R$ 6 milhões em 2023 para mais de R$ 28 milhões em 2024, ano eleitoral. A informação consta no relatório da Delegacia de Combate a Corrupção (Deccor), encaminhado à Polícia Federal devido a investigação ter alcançado deputados estaduais.
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A auditoria da Controladoria Geral do Estado apontou que quase metade desse valor corresponde a superfaturamento. A empresa Tupã Comércio, principal beneficiária, teria recebido mais de R$ 10 milhões acima do preço de mercado.
Segundo o inquérito, os valores foram repassados pela Secretaria de Agricultura Familiar (SEAF) por meio de Termos de Fomento destinados à compra de kits de ferramentas para agricultores familiares. O relatório também revelou pagamentos antecipados, falta de comprovação de entrega e até manipulação de cotações com empresas ligadas aos próprios dirigentes do instituto.
Entre os investigados estão o diretor do Pronatur, Wilker Arruda, que teria usado os convênios para organizar eventos políticos com entrega de kits; o ex-secretário da SEAF, Luiz Artur Ribeiro, que autorizou os repasses; e Alessandro do Nascimento, apontado como sócio oculto da Tupã e responsável por um esquema de lavagem de dinheiro por meio da filha, Ana Caroline Ormond.
As entregas dos kits, em ano eleitoral, ocorreram em cidades onde aliados dos deputados responsáveis pelas emendas eram candidatos a prefeito. Listas de beneficiários, nomes de parlamentares e provas de direcionamento de recursos constam nos cadernos apreendidos pela Polícia.