O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Allan Kardec (PSB), afirmou que recebeu com surpresa a citação de seu nome em uma investigação sobre suposto esquema envolvendo emendas parlamentares, revelada recentemente pelo portal UOL.
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Kardec disse que, até o momento, não foi notificado oficialmente sobre o processo e que desconhecia o motivo de ter sido incluído na lista de investigados.
À época dos fatos apurados, Kardec era deputado estadual e, segundo a reportagem, teria destinado verbas a entidades supostamente ligadas ao empresário Alessandro do Nascimento, investigado por envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos na Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf).
“Não fui notificado em nenhum momento. Não recebi nenhum convite para esclarecer qualquer tipo de fato nesse sentido. Desde 2022, não estou mais na condição de deputado e não tenho recurso destinado na Seaf. Então, sinceramente, eu também gostaria de saber por que o meu nome está nessa lista”, disse.
Kardec afirmou que, ao ser procurado por um jornalista do UOL semanas antes da publicação da matéria, imaginou que o assunto fosse relacionado a recursos destinados a materiais esportivos.
“Quando o jornalista me ligou, pensei que fosse algo envolvendo investimento em material esportivo. Meu nome apareceu vinculado a uma empresa de esportes, e por ter sido secretário de Esporte e ser militante da área, achei que fazia sentido. Inclusive, disse a ele que a prerrogativa de indicar emenda para esse tipo de ação é do deputado”, relatou.
Segundo o secretário, a surpresa foi maior quando, após cerca de um mês, foi informado de que a investigação tratava de contratos da Secretaria de Agricultura Familiar.
“Fiquei confuso, porque primeiro me disseram que era sobre esporte, depois apareceu essa história envolvendo a Seaf. Agora é esperar os desdobramentos. Estamos trabalhando fortemente na Secitec e contamos com o apoio do governo”, afirmou, citando a manifestação pública do governador em exercício, Otaviano Pivetta, que garantiu sua permanência no cargo.
Delação
Questionado sobre o envolvimento de empresários no caso e sobre a possibilidade de uma colaboração premiada por parte dos investigados, Kardec foi cauteloso.
“Delação é algo muito ruim em todos os sentidos. Acho que todo mundo tem que colaborar com a Justiça, mas as delações que a gente viu na história do Brasil muitas vezes vieram com coação, com arrependimento depois. A palavra do delator nem sempre é bem vista na sociedade e nem na Justiça”, declarou.
A investigação em questão, batizada de Operação Suserano, apura um suposto desvio de R$ 28 milhões por meio da aquisição de kits agrícolas com sobrepreço, com recursos provenientes de emendas parlamentares.