A filha de Maria Zélia da Silva Cosmos, brutalmente assassinada pelo sobrinho, Lumar Costa da Silva, desabafou, nesta segunda-feira (23), sobre o seu medo após a Justiça autorizar a desinternação de Lumar. Ao Jornal da Capital FM, Patrícia Cosmos fala sobre o impacto que a decisão judicial terá em sua vida e na de sua família.
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“A gente recebe isso com muito medo. Infelizmente, a nossa paz acaba de novo, mais uma vez. A gente fica com medo, tem temor, não sabe nem o que fazer para fugir disso”, declarou, com a voz embargada.
Lumar foi absolvido sumariamente por ter arrancado o coração da tia enquanto ela ainda estava viva, no ano de 2019, em Sorriso (400 km de Cuiabá), sob a alegação de transtorno mental. Ele estava internado no Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho e passará a cumprir tratamento ambulatorial em São Paulo.
Patrícia contou ainda que desde que soube da decisão, tem enfrentado noites de insônia e ansiedade constantes. “Eu estou com muito medo. Essa noite eu já não consegui dormir direito. Meus filhos estão com medo. Vai ser um momento agora, infelizmente, de terror, de pressão psicológica... Acabou a nossa paz, né?”, disse.
Lumar Costa da Silva foi absolvido em 2022 e, desde então, sua defesa, representada pelo advogado Dener Felipe Felizardo, ingressou com recursos para a progressão do tratamento. Um laudo emitido pelo CIAPS do Hospital Adauto Botelho concluiu que, apesar de Lumar manter o diagnóstico de transtorno mental crônico e sua periculosidade não ter cessado oficialmente, ele estaria apto para receber alta hospitalar e seguir o tratamento de forma ambulatorial, desde que sob monitoramento constante de uma equipe multiprofissional e do Judiciário.
Dentre as condições impostas pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto estão: comparecimento mensal ao CAPS III Antônio da Costa Santos, em Campinápolis, não se ausentar da cidade sem autorização judicial, abstenção de bebidas alcoólicas e entorpecentes, além da proibição de frequentar lugares inadequados.
No entanto, para Patrícia, as medidas não oferecem garantias reais de segurança: “É difícil confiar que vai haver controle suficiente. Quem garante que ele vai seguir tudo isso? Quem garante que minha família está segura?”
Ela concluiu o desabafo pedindo orações: “peço para Deus e para as pessoas que tenham compaixão da minha vida, da minha família. Orem muito por mim. Desde que ele ceifou a vida da minha mãe, só Deus me sustentou. E é Nele que eu confio para me dar direção agora. Só Deus pode nos proteger.”
O crime
O assassinato aconteceu no dia 2 de julho de 2019, no bairro Vila Bela, em Sorriso. Lumar matou Maria Zélia, arrancou seu coração ainda com ela viva, colocou o órgão em uma sacola e foi até a casa da filha da vítima, Patrícia, onde confessou o crime. Além disso, ele tentou sequestrar a neta de Maria Zélia, uma menina de apenas sete anos, alegando estar apaixonado por ela. O sequestro foi impedido por vizinhos.
Logo depois, o autor do crime invadiu uma subestação da Energisa e jogou o veículo que dirigia contra os motores do local, sendo em seguida preso pela Polícia Militar.
A comoção causada pelo crime foi intensa e gerou revolta em todo o estado.