O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou que a atual gestão tem enfrentado pressão de fornecedores de medicamentos por conta de dívidas deixadas pela administração do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Segundo ele, o atraso no fornecimento de remédios nas unidades de saúde da capital foi agravado pela resistência das empresas em entregar os produtos, mesmo com novos contratos vigentes.
Leia também
Governador quer convencer Azul a manter voos em Mato Grosso: 'vou tentar pessoalmente'
A declaração de Abilio foi dada em meio ao aumento das cobranças por parte do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que nos últimos meses intensificou o monitoramento da situação e apontou a falta de ao menos 25% dos medicamentos essenciais nas farmácias da rede pública municipal.
De acordo com o prefeito, as empresas vencedoras das licitações recentes passaram a adotar uma postura de protelação no cumprimento dos contratos, utilizando as dívidas acumuladas entre 2022 e 2024 como argumento para atrasar as entregas.
"Nós já estamos recebendo bastante medicamento, o reabastecimento praticamente de todas as unidades já está sendo feito. Mas fomos muito pressionados pelas empresas, porque elas reclamam de dívidas do passado, dos anos de 2022, 2023 e até de 2024. Elas ganharam o pregão eletrônico que fizemos, mas, na hora de entregar o medicamento, começaram a protelar, a enrolar. Chegaram a mandar emissários dizendo que só fariam a entrega se o município pagasse as dívidas anteriores, mesmo com contratos novos", criticou.
Ainda segundo Abilio, a prefeitura precisou negociar um plano de pagamento para as dívidas antigas e, paralelamente, realizar compras emergenciais para garantir o abastecimento imediato das unidades.
O prefeito detalhou que os fornecedores, embora estejam agindo dentro da legalidade ao cumprir os prazos mínimos estabelecidos no edital, têm usado os prazos máximos de assinatura e entrega como forma de pressão.
"A prática deles é protelar. Eles têm 30 dias para assinar o contrato, então esperam os 30 dias. Depois, são mais cinco dias para homologar e publicar, e mais 15 dias para entregar. Eles esperam sempre os últimos minutos de cada prazo. Não é ilegal, mas é uma forma de forçar a prefeitura a contratar de outra maneira", disse.
Ele destacou que os prazos legais estão chegando ao fim e que, caso os fornecedores descumpram os contratos, medidas administrativas e legais poderão ser adotadas.
Histórico de cobranças
A fala do prefeito ocorre poucos dias após o Ministério Público divulgar novo relatório apontando falhas na gestão da logística e no estoque de medicamentos da rede municipal. Desde janeiro, a Promotoria da Saúde Coletiva tem cobrado providências para garantir o fornecimento regular dos itens previstos na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume).
Em vistorias recentes, o MP identificou falta de medicamentos como Amoxicilina, Dipirona, Metformina e psicotrópicos, além de problemas no transporte e distribuição. O órgão também alertou para o descarte de mais de um milhão de comprimidos de Enalapril, vencidos por má gestão de estoque.