Os cerca de 40 índios que estavam acampados há 21 dias em frente à sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Dourados (MS), desocuparam na manhã de hoje (17) as calçadas do local. Após quase duas horas de negociação com a Polícia Federal, eles deixaram a frente do prédio cumprindo mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça, mas montaram acampamento em uma praça a poucos metros dali.

“Vamos continuar protestando”, disse a índia guarani-kaiowá Dirce Veron, uma das manifestantes e também membro da organização não-governamental Índias em Ação. “Queremos que a Margarida [Nicoletti] deixe a chefia da Funai e não vamos parar.”

A servidora Margarida Nicoletti é superintendente regional da Funai em Dourados. Índios que pedem a seu afastamento afirmam que ela é responsável por atrasos em entrega de cestas básicas às comunidades do sul de Mato Grosso do Sul, pela dificuldade na obtenção de documentos e pela assistência-técnica precária à agricultura indígena.

O acampamento em frente à Funai é o terceiro protesto realizado pelo grupo desde o fim do mês passado. Antes disso, eles chegaram a invadir a sede da Funai e também bloquearam por três dias o trecho da rodovia MS 156, que liga Dourados a Itaporã.

A Funai, entretanto, afirma que não reconhece a legitimidade do protesto e descarta a saída de Nicoletti. Segundo o órgão, os índios que estão protestando não são lideranças tradicionais dos cerca de 40 mil indígenas da região e nem representam a maioria deles.

À época do bloqueio da rodovia, uma assembléia indígena realizada em Dourados também decidiu não apoiar os protestos para afastamento de Nicoletti. As manifestações, entretanto, foram mantidas.