A morte do deputado Clodovil Hernandes (PR-SP) dividiu os parlamentares sobre a atuação do estilista no Legislativo, marcada por polêmicas e posições firmes sobre temas discutidos no Congresso. O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), lamentou a morte de Clodovil ao afirmar que o parlamentar foi uma pessoa de personalidade forte, mas de atuação "suave" dentro do Legislativo.

"Foi uma passagem de muita presença. Ele é uma figura de muita personalidade, às vezes geradora de contestações. É uma pessoa de personalidade forte, mas de atuação suave nas amizades, no contato com os deputados, inclusive comigo", disse Temer.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), afirmou que Clodovil ficará marcado como alguém que não tinha medo de apresentar publicamente suas posições políticas e pessoais.

"Clodovil foi um homem muito inteligente, muito polêmico, pois não tinha medo de expor suas opiniões. Ele marcou a televisão e por não ter vindo da política enriquecia o parlamento. Eu tinha uma relação muito boa com ele e acho que sofremos uma grande perda", afirmou.

O deputado Sandro Mabel (PR-GO), líder do partido de Clodovil, disse que o parlamentar foi um exemplo de bondade no período em que ficou na Câmara. "Ele é um homem que tinha um coração muito grande, tanto que todas as verbas parlamentares dele eram destinadas às instituições de caridade. Ao doar os seus órgãos, ele preza a bondade", afirmou.

Mabel disse que, na bancada do partido, Clodovil tinha pontos de vista "às vezes polêmicos" --mas que contribuíram para o partido.

O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), lamentou a morte de Clodovil. "O Brasil perde um cidadão que marcou história. Nós lamentamos a perda de um cidadão exemplar", disse.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), disse que Clodovil "teve uma passagem breve pela política, com uma atuação discreta". Já o deputado Maurício Rands (PE), vice-líder do PT na Câmara, destacou a "conduta" de Clodovil ao oferecer seus órgãos para doação. Mas criticou a eleição de "celebridades" para o Legislativo.

"Quero exaltar a conduta do Clodovil que colocou seus órgãos para doação e espero que outros brasileiros sigam seu exemplo. Ele foi eleito por ser uma celebridade, veio no bojo desse fenômeno. Veio e representou sua corrente de opinião, embora eu seja contra eleição de celebridades que não tenham militância política junto à população", disse.

Mágoa

O presidente do PTC, Daniel Tourinho, disse que não guarda mágoas de Clodovil depois que o deputado decidiu deixar a legenda. Na semana passada, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu que Clodovil não devia perder o mandato, mesmo com a troca do PTC pelo PR. 

"Independente de qualquer implicância, de demanda partidária, ele é um ser humano, e sentimos muito a sua morte. O PTC é um partido de origem cristã e não guarda qualquer tipo de raiva ou rancor", afirmou.