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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Notícias | Informática & Tecnologia

Fabricantes de PCs avançam no mercado de smartphones

A indústria da computação se deparou com sua próxima grande novidade. Ela se chama telefone.


Encorajados pelo sucesso da Apple com seu iPhone, muitos fabricantes de PC e empresas de chip estão avançando em direção ao negócio dos telefones celulares, prometendo novos aparelhos que podem condensar o poder dos computadores tradicionais em dispositivos do tamanho da palma da mão.

As companhias também estão diversificando porque suas capacidades tecnológicas das últimas duas décadas - laptops menores, com chips mais rápidos que processam gráficos mais elegantes - não impressionam mais os consumidores, que cada vez mais acham seu computador de três anos adequado para as atividades cotidianas.

"A ação está mesmo nos smartphones, onde todos competem para comprimir o máximo de recursos em um telefone", disse Linley Gwennap, analista veterano do setor de chips que comanda o Linley Group. "Acho os PCs meio chatos hoje em dia."

Os novos smartphones prometidos pelas companhias de PC vão, entre outras coisas, lidar perfeitamente com a internet, oferecer vídeo-conferências e transmitir filmes de alta-definição para a sua TV.

É um avanço que significa séria concorrência para fabricantes de celular tradicionais e companhias telefônicas. A Apple foi a primeira a identificar uma indústria adormecida, sacudindo o setor há dois anos com o iPhone. Até recentemente, a reação ao iPhone vinha dos fabricantes de celular - e copiando os recursos do produto.

Agora são os fabricantes de PC que estão anunciando planos para smartphones com uma variedade de tamanhos, formatos e recursos.

A Acer, grande fabricante de PCs, não oferecia nenhum telefone celular e agora vende oito novos modelos, com mais novidades previstas para este ano.

"O mercado de smartphones é a direção natural para nossa estratégia de longo prazo para os portáteis", disse Gianfranco Lanci, chefe-executivo da taiwanesa Acer, enquanto anunciava os produtos no mês passado durante a Conferência Mundial de Telefonia Móvel, em Barcelona, Espanha. "Estamos apenas aceitando uma outra dimensão."

A Dell também trabalhou em protótipos de celular, mas não se comprometeu a fabricar um novo produto. E a Asustek, primeira companhia a comercializar os laptops ultra-portáteis conhecidos como netbooks, planeja lançar novos smartphones.

Os fornecedores do setor de PCs também começaram a se voltar para o novo mercado. A Intel anunciou um acordo para equipar os novos aparelhos celulares da LG com seus chips. A Nvidia, gigante dos chips gráficos, assinou um acordo que disponibiliza seu novo processador Tegra para três fabricantes de smartphones - que fornecem celulares para fabricantes de marca e empresas de telefonia.

"O crescimento do smartphone e coisas como gráficos e imagens 3D não eram importantes quando as firmas já estabelecidas construíram esse negócio", disse Michael Rayfield, gerente geral da unidade da Nvidia para telefonia móvel. "É uma oportunidade única em que um grande mercado transforma as coisas que considera importantes."

Com smartphones e PCs assumindo muitas das mesmas funções, existe certamente um receio entre os fabricantes de PC de que, caso não se envolvam com os celulares, os fabricantes dos aparelhos começarão a montar computadores. A Acer caracterizou o negócio do smartphone como um campo de batalha volátil, afirmando que ela precisa atirar primeiro e correr atrás dos fabricantes de celular antes que eles passem a persegui-la. De fato, a maior fabricante de celulares do mundo, a Nokia, disse estar avaliando se entraria no ramo de PCs.

A convergência dos dois aparelhos é uma previsão antiga, mais foi necessária uma confluência de mudanças na indústria para as transformações começarem de forma séria. Durante décadas, os fabricantes de chips disputaram para superar uns aos outros com processadores mais rápidos, e fabricantes de computador lutaram para espremer cada vez mais funções em caixas cada vez menores. Mas chips cada vez mais rápidos acabam se tornando impraticáveis. Suas velocidades flamejantes exigem enormes quantidades de energia e resfriamento.

Os smartphones dão aos fabricantes de PC uma chance para oferecer sua expertise recém-descoberta em criar produtos com baixo consumo.

Em particular, a Acer espera levar seu sucesso na venda de laptops e netbooks ao mercado de telefonia móvel por meio de uma mistura de novos softwares e planos de dados sem fio.

Ela está trabalhando em um software que vai conectar todos os seus produtos portáteis, sincronizando contatos de e-mail, arquivos de mídia e outras informações. Isso pode abrir portas para que empresas de telefonia vendam mais serviços de dados 3G, uma vez que podem oferecer um único plano cobrindo múltiplos serviços.

É uma extensão do modelo que Dell e outras já estão experimentando, no qual companhias telefônicas basicamente oferecem netbooks de US$ 400 a consumidores em troca de contratos de planos de dados com duração de dois anos. Tais planos podem chegar a até US$ 1,5 mil em seu período de vigência.

Acordos envolvendo laptops e celulares podem ser um incômodo para as companhias de telefone celular existentes, uma vez que oferecem aos consumidores um conjunto de produtos estreitamente integrados e compatíveis. Além disso, fabricantes de computador vêm de um setor familiarizado com margens de lucro pequenas e custos estruturais apertados, e levariam essas pressões aos fabricantes de celular já estabelecidos.

"A Acer aprendeu a viver e prosperar sob margens muito pequenas", disse Aymar De Lencquesaing, responsável pelo grupo de portáteis inteligentes da companhia. "Acredito que levamos esse tipo de experiência a um mercado que talvez não tenha vivenciado ainda semelhante rigor."

Tanto Acer quanto Nvidia prometem smartphones de baixo custo, ameaçando a área mais lucrativa do setor de telefones celulares.

Ao mesmo tempo, o mercado de telefones tem sido bombardeado com sistemas operacionais da Microsoft, Google e Intel.

Existe uma preocupação entre as companhias mais antigas do setor de que sistemas operacionais e design de aparelhos estejam se tornando commodities, e de que as barreiras para entrar no mercado tenham diminuído desde a época em que os fabricantes de celular desenvolviam cada telefone a partir do nada.

Isso dá a companhias como Motorola e Nokia um conjunto inteiramente novo de problemas além das quedas nas vendas e do encolhimento das margens.

"É um cataclismo para o pessoal dos telefones, que costumava jogar golfe nas tardes de quarta-feira", disse Roger Kay, presidente da firma de pesquisas Endpoint Technologies Associates. "Essa época começa a parecer muito boa agora."

Não que tal investida seja fácil para os fabricantes de computadores. O setor de PCs tem um histórico irregular de expansão aos eletrônicos de consumo. A Dell tropeçou com seu aparelho de MP3, e a linha de televisões da Hewlett-Packard fracassou em conquistar os consumidores. Os dois produtos pararam de ser comercializados.

Além disso, os fabricantes estabelecidos de telefones celulares têm relacionamentos consolidados com as companhias telefônicas, que permanecem relutantes em oferecer suporte para um amplo conjunto de aparelhos de um sem-número de fabricantes. Para complicar a situação, esses fabricantes tradicionais não querem competir com os caprichos de Microsoft e Intel, que cresceram ao longo dos anos para dominar o setor de computadores.

Talvez o crucial seja que companhias tradicionais de telefone e chips portáteis têm experiência em fabricar aparelhos que funcionam.

"Deve ser um bom celular antes de tudo", disse Ed Snyder, analista do Charter Equity Research. "Isso está tão distante dos PCs quanto criar elefantes."

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