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Domingo, 29 de setembro de 2024

Notícias | Gastronomia

Na cozinha com um bebê

Às 11 horas da manhã, um cheiro irresistível de comida nordestina invade o restaurante Mocotó, na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo. Mérito do premiado chef revelação Rodrigo Oliveira, de 29 anos. Há dois quarteirões dali, em sua casa, o cheiro da comida é bem diferente. Para a filha Nina, 10 meses, o cardápio é leve, mas não menos caprichado. Rodrigo e a esposa Lígia, 19 anos, sabem que ela só poderá provar os pratos que o pai faz daqui a alguns anos, mas não perdem a piada. Quando alguém elogia o tamanho de Nina, eles logo respondem: “É muito caldo de mocotó”.


Caldo de mocotó, torresmo e queijo coalho só de brincadeira mesmo! Nina tem uma alimentação exemplar. Mamou no peito até os 6 meses e, só a partir dessa idade, começou a tomar água e provar outros alimentos. “Foi difícil manter a postura porque toda vez que eu levava a Nina até o Mocotó, todo mundo oferecia algo para ela comer. Com o tempo, eu percebi que ela já sentia vontade e ficava com água na boca. Tive que pedir para ninguém oferecer nada a ela”, conta Lígia.

O primeiro alimento que Nina comeu quando completou 6 meses foi uma maçã raspada. Logo, as sopas entraram em cena. Como a rotina no restaurante é corrida, quem prepara a maioria das refeições da filha é Lígia. Apesar do capricho da mãe, a menina só raspa o prato quando o pai faz a sopa. “Não tenho frescura na hora de fazer algo para Nina. Aproveito o que tem na geladeira. Normalmente, cozinho pedaços de músculo e aproveito o caldo para colocar abobrinha, cenoura, espinafre e mandioca. Passo na peneira e coloco uma pitada de sal”, conta Rodrigo. Nina também adora pão de caju, uma das especialidades do pai, que tem um sabor bem suave.

Como a vida do chef é corrida, ele faz questão de preparar o café para a mulher e a filha todas as manhãs. “Essa é a única refeição que conseguimos fazer juntos. Por isso, é tão importante”, diz Rodrigo. Foi em um dia como esse que aconteceu uma cena engraçada. Nina acordou e o pai levou-a até a cozinha. Colocou a filha no cadeirão e fez uma tapioca sem recheio para ela. Quando a esposa chegou, Nina estava com o rosto todo branco. “Lígia não acreditou que eu tinha dado tapioca para a nossa filha e me deu a maior bronca. Tenho certeza que não fez mal algum”, diverte-se. Para ficar mais perto de Rodrigo, elas o acompanham em todos os eventos. De tanto frequentar restaurantes, a pequena está sempre sorrindo para os garçons. “Ela dá a maior gargalhada quando os vê. Já sabe a quem agradar”, diz Rodrigo.

Apesar das brincadeiras, ele não esconde o lado paizão. “Quero que a Nina se sinta à vontade no Mocotó. Muitos pais dizem que a cozinha é um lugar perigoso, mas não é bem assim. Basta estar sempre atento e não deixar a criança mexer com facas e fogo. Ela poderá enrolar, amassar, misturar, rechear, experimentar e aprender. Não escondo meu sonho de que minha filha tome gosto pela minha profissão, mas nada se compara ao desejo que tenho de que ela seja feliz... Ah! E também goste de pimentão, coisa que eu odeio!”, revela Rodrigo.
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