A atriz Michelle Pfeiffer iluminou hoje o Festival de Berlim com "Chéri", de Stephen Frears, enquanto Brenda Blethyn deu o tom dramático com "London River", como a mãe que busca a filha dentre as vítimas dos atentados do metrô de Londres de 2005, um filme que se transformou em um forte candidato ao Urso de Ouro.
O dia de hoje da mostra competitiva foi um daqueles nos quais é difícil apostar em um dos filmes em disputa, já que os conteúdos foram bastante diferentes e com atores excelentes.
De um lado, a loira, brilhante e falsamente frágil Pfeiffer, dirigida por Frears 21 anos após "Ligações Perigosas" (1988), agora às voltas com uma beleza que se apaga.
Já Blethyn está irrepreensível no papel da viúva à qual nenhum homem olharia na rua, que deixa a ilha onde vive perante as imagens dos atentados de 7 de julho de 2005 e visto que sua filha, que está em Londres, não atende o telefone.
"London River", dirigido pelo francês Rachid Bouchareb, apresenta uma mulher que passa do susto de saber que a filha vive em cima de um açougue muçulmano ao horror de ser informada de que ela aprende árabe e tem um namorado africano.
Tudo isso enquanto corre da Polícia aos hospitais ou aos necrotérios e segue sem conseguir falar com a filha.
Já "Chéri" situa Pfeiffer na belle époque dos romances de Colette, que se transforma, como todas as mulheres de seu entorno, em amante de um jovem de 19 anos. Eles seriam o casal perfeito, se não tivessem nascido em décadas diferentes.
O filme é brilhante, como Pfeiffer e os demais atores. Apesar disso, era difícil prestar atenção na produção após o impacto de "London River".
Blethyn domina o filme do começo ao fim, embora compartilhe seu drama de mãe que não entende nada com o de um pai africano, que busca o filho após os atentados e teme o pior: que a criança que deixou com seis anos para emigrar à França seja agora um dos fundamentalistas islâmicos que colocou uma das bombas.
"London River" e "Chéry" dividiram o dia com "Forever Enthralled", um novo épico de Chen Kaige -"Adeus Minha Concumbina"- sobre um solista de ópera, um homem de voz feminina, e uma solista mulher interpretando papéis masculinos.
No entanto, os 147 minutos de filme afugentaram o público, que se dividiu entre abandonar o cinema e rir, discretamente ou não, na poltrona.