Quase um ano após os primeiros sinais do vírus A (H1N1), causador da gripe suína, o Conselho da Europa concluiu que a OMS (Organização Mundial da Saúde) exagerou no alerta em relação à pandemia da doença. Apesar da polêmica, a OMS insistiu que o Brasil mantenha seu programa de vacinação.
O surto da gripe suína, que começou em abril do ano passado, despertou controvérsias em torno da OMS e das autoridades de saúde pública que tinham exagerado sobre os riscos do vírus e com isso gerado um temor desnecessário ao declarar isso como uma “pandemia” – nome que é dado quando uma doença transmissível atinge uma grande área do planeta.
A OMS também foi criticada por seu sistema de alerta da pandemia, que se concentrou na propagação geográfica do vírus e não em sua gravidade, além de supostos conflitos de interesses entre funcionários da saúde, cientistas e fabricantes de vacinas.
Deputados no Conselho da Europa chegaram à conclusão de que a OMS colocou em risco a credibilidade de entidades internacionais ao exagerar em seu alerta sobre a gripe suína. O relatório elaborado após três meses de investigações aponta que essa perda de credibilidade põe em risco milhares de vidas.
O documento foi redigido pelo deputado trabalhista britânico Paul Flynn, vice-presidente do comitê de saúde do conselho.
– Quando a próxima pandemia aparecer, muitos não darão credibilidade às recomendações da OMS. Eles se recusarão a ser vacinados e colocarão suas vidas e de outros em risco.
O relatório lembra que a estimativa oficial era de até 65 mil mortes apenas no Reino Unido. Um ano depois, foram apenas 360. No mundo, 17 mil morreram pela gripe em um ano.
Ontem, o chefe da divisão de influenza da OMS, Keiji Fukuda, voltou a defender a decisão da entidade de decretar a pandemia. Ele também anunciou que a revisão das regras para futuras declarações de pandemia começa feita na semana que vem.