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Perícia não encontra perfurações em órgãos de vendedora morta após cirurgia plástica; veja detalhes do laudo

Da Redação - Wesley Santiago/Max Aguiar

Laudo de necropsia da vendedora de veículos Keitiane Eliza da SIlva, de 27 anos, morta na quarta-feira (14), em Cuiabá, após passar por três procedimentos estéticos, realizados no hospital Valore Day, localizado no bairro Santa Rosa, aponta que não foi encontrada nenhuma perfuração ou ruptura nos órgãos da vítima e confirma que a morte se deu por choque hemorrágico. As lesões que haviam no corpo batem com procedimentos realizados no dia e anteriormente ao óbito e também com outro feito para determinar o motivo de sua piora após as plásticas.

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Conforme o exame de necropsia feito pela Politec, ao qual o Olhar Direto teve acesso, o corpo da vendedora apresentava incisões e lacerações que consistem com os procedimentos realizados por ela no dia e anteriormente. Foram encontrados coágulos entre os pulmões, à direita, além de hemotórax (derrame e presença de sangue) no mesmo lado.
 
Também não havia nenhum trombo (coágulo —parcial ou total— que se forma nos vasos sanguíneos, veias ou artérias, limitando o fluxo normal do sangue) no tronco da artéria pulmonar e nos seus dois ramos (direito e esquerdo).
 
Ainda segundo o exame feito pela perícia, havia presença de sangue na cavidade que fica no abdômen e na qual está a maioria dos órgãos abdominais. Porém, não foi encontrada nenhuma perfuração ou ruptura nos órgãos da vítima.
 
O laudo confirma que a morte se deu por choque hemorrágico, causado por instrumento cortante e pontua que não há indícios de que o óbito tenha sido produzido por meio ardiloso ou cruel.
 
A perícia ainda explica que foi verificado sangramento torácico e abdominal em grande quantidade, sem identificação de lesão de vasos sanguíneos e ausência de tromboembolismo pulmonar.
 
“Diante disto, apesar de poder se afirmar que a morte foi consequência de exsanguinação da vítima, não há sinal de que tão grave hemorragia tenha sido originada de um único sitio, mas, de origem tão difusa (diferente) quanto às incisões cirúrgicas realizadas”, diz trecho do laudo.
 
Ainda é pontuado que distúrbios de coagulação podem ocorrer em pacientes com sangramento e submetidos à transfusão sanguínea volumosa, podendo (hipoteticamente) causar sangramento intenso e difuso, como foi observado na vendedora.
 
Pós-cirurgia e morte

Conforme o laudo da perícia, após os procedimentos realizados no hospital, a quadro de saúde da vítima evoluiu para um desconforto respiratório e sangramento difuso pelas incisões no tórax e abdômen.
 
Posteriormente, foi feita uma laparotomia exploratória (manobra cirúrgica que envolve uma incisão através da parede abdominal para obter acesso à cavidade abdominal) sem achados de lesões de órgãos internos ou sangue em cavidade abdominal e submetida à transfusão de sangue. Como o caso piorou, o mesmo procedimento foi realizado e nenhuma alteração encontrada.
 
Porém, notou-se um hemotórax à direita, sendo que a vítima foi submetida a uma drenagem de tórax, com saída de grande volume de sangue. Em seguida, teve parada cardiorrespiratória e teve mais uma vez que receber sangue através de transfusão.
 
Após transferir a vendedora para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a equipe médica tentou manobras para elevar sua pressão arterial, mas ela acabou indo a óbito às 11h15 do dia 14 de abril deste ano.

Procedimentos

Os procedimentos cirúrgicos realizados na vendedora foram: lipoescultura com enxerto de gordura em glúteo, abdominoplastia e correção de uma cicatriz na mama, sendo que este último não havia sido feito pelo cirurgião plástico. Toda a cirurgia demorou cerca de seis horas (começou às 08h e terminou às 14h).

“Em pré-consulta com médicos anestesista e cardiologista, a paciente realizou todos os exames necessários e os mesmos não apresentaram nenhuma anormalidade. Portanto, a paciente estava apta ao procedimento e, assim, foi liberada para realizá-lo”, diz trecho da nota encaminhada pelo médico Alexandre Veloso, responsável pelos procedimentos.

A assessoria jurídica afirma ainda que o médico disponibilizou assistentes sociais e psicólogas para prestarem atendimento aos familiares da jovem e reforçou que prestou todos os atendimentos necessários e em momento algum se furtou de estar presente e acompanhando-a.
 
“Em nome de todo corpo clínico que participou deste procedimento e dos que fizeram o atendimento posterior, principalmente em nome do médico Alexandre Veloso, a assessoria jurídica esclarece que todo procedimento cirúrgico possui risco, mas se coloca à disposição da família, da mídia e protocolos legais na certeza de que cumpriram todos os protocolos de segurança e saúde. Por fim, o médico Alexandre Veloso externa seu mais profundo sentimento de pesar”, finaliza a nota.

O caso

A vendedora de veículos Keitiane Eliza da SIlva, de 27 anos, faleceu na madrugada desta terça-feira (13), depois de passar por uma cirurgia plástica no Valore Day Hospital, localizado no bairro Santa Rosa, em Cuiabá. O médico que operou Keitiane se chama Alexandre Veloso.

Por volta da meia noite desta quarta-feira (14), a jovem apresentou instabilidade em seu quadro e teve uma parada cardíaca e foi transferência para uma Unidade Intensiva de Saúde (UTI) no Hospital Santa Rosa, onde faleceu. 

O Valore Day Hospital foi aberto em outubro de 2018 e é específico para a realização de cirurgias eletivas, ou seja, as que não são de urgência. O médico Alexandre Veloso manifestou-se sobre o caso por meio de nota oficial assinada pelo advogado Rony de Abreu Munhoz.
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