Imprimir

Notícias / Cidades

Dinheiro da Covid-19 desviado por ex-secretário teria sido usado para comprar Cervejaria Cuyabana de delator da ‘Rêmora’

Da Redação - Wesley Santiago

Parte do montante desviado pelo grupo investigado na ‘Operação Cupincha’, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28), com objetivo de investigar atos de corrupção e lavagem de capitais, envolvendo o desvio de recursos públicos destinados à saúde, teria sido utilizado pelo ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues e outro integrante do grupo para comprar a Cervejaria Cuyabana, em fevereiro deste ano, do empresário e delator da Operação Rêmora, Ricardo Sguarezi.

Leia mais:
Ex-secretário e empresário são presos pela Polícia Federal por desvio no dinheiro da Saúde
 
Conforme o delegado de Polícia Federal Charles Cabral, responsável pelo inquérito, ainda não é possível quantificar a quantidade que foi desviada pelo grupo. Porém, os pagamentos feitos e ‘quarterizados’ pelas empresas envolvidas no esquema, superaram a ordem dos R$ 100 milões.
 
O dinheiro do qual os alvos se apropriaram, seria destino ao combate à Covid-19. “Uma coisa que há prova, é de que as empresas prestavam serviços para o município de Cuiabá, em leitos de enfermaria e UTIs específicos da Covid-19. As provas reunidas demonstram que ao menos uma parte destes valores não chegou ao destino que se previa, disse o delegado.
 
Parte do dinheiro recebido pelo ex-secretário e o sócio oculto, Paulo Roberto de Souza Jamur, ambos presos na manhã desta quinta-feira, teria sido usado para comprar a cervejaria do empresário Ricardo Augusto Sguarezi, que é delator da ‘Operação Rêmora’, mas que não está relacionado com esta investigação.

 
A cota de Sguarezi na cervejaria foi vendida em fevereiro, segundo o próprio.
 
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
 
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários. 
 
Paralelamente, o grupo empresarial investigado na primeira fase da Operação Curare promovia supostas “quarteirizações” de Contratos Administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
 
Como se apurou na primeira fase da Operação Curare, um grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá/MT e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de 100 milhões de reais, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém-transformadas para o ramo da saúde.
 
Ao todo, foram expedidos 13 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá/MT e Curitiba/PR, além da efetivação de três prisões preventivas (um está foragido) e de medidas de sequestro de bens, direitos e valores.
 
O delegado Charles Cabral, responsável pelo inquérito, pontuou que não foi possível precisar o valor dos bens sequestrados nesta data e que o montante apreendido ainda está sendo quantificado. Há uma grande quantidade de materiais físicos e digitais, que devem servir para futuras operações.

Operação Rêmora

Colaborador premiado com acordo formulado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), Sguarezi prestou depoimento na Sétima Vara como testemunha de acusação em denúncia contra Alan Malouf, Permínio Pinto Filho, Fábio Frigeri, Wander Luiz dos Reis e Giovani Belatto Guizardi. 
 
A operação Rêmora investigou esquema de fraudes em obras de reforma e construção de escolas que inicialmente estavam orçadas em R$ 56 milhões. Diversas empresas compunham, segundo o Ministério Público, cartel capaz de gerar favorecimentos e desvio de dinheiro público.

Entre as informações prestadas por Ricardo Augusto Sguarezi está a acusação de que cobrança de propina era realizada de forma “ríspida” e “contundente”. Sguarezi também afirmou que  foram necessários apenas três meses de governo Pedro Taques (PSDB) para início de cobrança de propina sobre obras na Secretaria de Educação.
Imprimir