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Mauro afirma ter dado aval para manutenção de adjunta citada em operação na Saúde: ‘não vou sacrificar ninguém’

Da Redação - Airton Marques / Do Local - Max Aguiar

O governador Mauro Mendes (União) confirmou que apoiou a decisão do secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, em manter no cargo a secretária de Gestão Hospitalar, Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, indiciada pela Deccor, em decorrência das investigações da Operação Espelho. Garantiu que o governo não é complacente com atos de corrupção e que não há indícios que justifiquem o afastamento.

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“Foi uma decisão da secretaria, apoiada por mim. Primeiro, pedi para a PGE fazer uma análise do que está no processo, para fazer uma análise e termos elementos para tomar uma decisão. Não vou, pois eu já fui vítima de injustiça. Eu, Mauro Mendes, fui acusado injustamente e depois de dois anos a Polícia Federal deu um veredito dizendo que estava tudo errado o que fizeram. Depois de dois anos e quatro meses o Ministério Público Federal disse que estava tudo errado realmente e o juiz arquivou. Mas, a consequência foi grande. Então, eu preciso clareza”, afirmou, nesta quarta-feira (9).

A injustiça citada por Mauro é referente inquérito policial que investigava o envolvimento do ex-prefeito de Cuiabá com a Operação Ararath. O arquivamento foi determinado pelo juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal, por falta de provas que justificassem a abertura de um processo contra Mauro.

O governador foi alvo da quinta fase da Operação Ararath, em maio de 2014, quando policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-prefeito e no gabinete dele na Prefeitura de Cuiabá.

Sobre a citação da secretária na operação da Deccor, Mauro garantiu que caso haja algo concreto contra a servidora, medidas serão tomadas pelo governo.

“Não vou sacrificar ninguém, quando, até o momento, não tenho nenhum elemento de que essas pessoas estavam fazendo coisa errada. Não tenho compromisso com o erro, nunca fiz coisa errada, nunca mandei ninguém fazer. Tenho tranquilidade para tomar uma decisão consciente e não cometer injustiça com ninguém”, pontuou.

Indiciamento

Caroline é uma das 22 pessoas indiciadas pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), no âmbito das duas fases da Operação Espelho - que investiga fraude em licitações na Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Por organização criminosa, os indiciados foram: Luiz Gustavo Castilho Ivoglo, Osmar Gabriel Chemim, Bruno Castro Melo, Carine Quedi Lehnen Ivoglo, Gabriel Naves Torres Borges, Alberto Pires de Almeida, Renes Leão Silva, Marcelo de Alécio Costa, Catherine Roberta Castro da Silva Batista Morante, Alexsandra Meire Perez, Maria Eduarda Mattei Cardoso, Marcio Matsushita, Elisandro de Souza Nascimento, Sergio Dezanetti, Luciano Florisbelo, Samir Yoshio Matsumoto Bissi e Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves.

Ligados à empresa LB Serviços Médicos, Luiz Gustavo, Carine Quedi e Bruno Castro, também podem responder por peculato.

Apenas pelo crime de peculato, a Deccor ainda indiciou Keila Vanessa Silva Figueiredo, Nabih Fares Fares, Sônia de Araújo Amorim e Caroline Campos Dobes Conturbia Neves.

O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário na última sexta-feira (4). Agora, caberá ao Ministério Público Estadual (MPE) analisar as investigações e decidir se denunciará ou não as pessoas indiciadas. 

Caso ocorra a denúncia, a análise vai para a Justiça de Mato Grosso, que decidirá se tornará ou não os empresários e servidores réus do processo, para assim, dar início à ação judicial.

A operação

Deflagrada em 2021, a primeira fase da Operação Espelho investigou fraudes e desvios de valores ocorridos no contrato de prestação de serviços médicos no Hospital Estadual Lousite Ferreira da Silva (hospital metropolitano), em Várzea Grande.

Como desdobramento das investigações, a Polícia Civil apurou que a empresa contratada integrava um cartel de empresas dedicadas a fraudar licitações e contratos de prestações de serviços médicos, principalmente, de UTIs, em todo o estado. Foram identificados contratos fraudulentos com hospitais municipais e regionais de Mato Grosso.

A segunda fase foi deflagrada em março deste ano. O objetivo era  combater cartel de empresas envolvido em fraudes na saúde de Mato Grosso. À época, foram determinados o sequestro e bloqueio de bens avaliados em R$ 35 milhões, entre veículos de luxo, imóveis, terrenos e fazendas.

Por meio de suas empresas, a organização criminosa simulava concorrência para a imposição de valores muito maiores que os praticados no mercado. Os serviços não eram fornecidos na forma contratada, por vezes com consentimento dos agentes públicos fiscalizadores. Pacientes eram internados nas UTIs desnecessariamente, visando apenas o aumento dos lucros. 

Foram sequestrados 36 veículos e bloqueados mais de 20 imóveis. Entre os veículos estão de marcas de luxo como BMW, Land Rover, Porsche, Audi, Jaguar, além de camionetes e outros automóveis de alto valor de mercado. Também foram bloqueados casas e lotes em condomínios de luxo, além de fazendas no estado, com o objetivo de chegar, ao menos, aos R$ 35 milhões em bens sequestrados.
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