Imprimir

Notícias / Política MT

Presidente do TCE desmente Emanuel sobre aumento de mortes no São Benedito: ‘um absurdo’

Da Redação - Airton Marques / Do Local - Max Aguiar

Presidente do Tribunal de Contas (TCE-MT), o conselheiro Sérgio Ricardo afirmou que as acusações do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) sobre suposto aumento de mortes no Hospital São Benedito, durante o período da intervenção estadual, não são verdadeiras. Avaliou como absurdas as declarações de que a unidade de Saúde se transformou em “câmara de gás”, comparando servidores públicos a nazistas.

Leia também
Oposição quer convocação de Stopa para explicar sobre buracos nas ruas; base pode barrar


A declaração ocorreu em conversa com a imprensa, na manhã desta quinta-feira (8), após vistoria no hospital. De acordo com Sérgio, o TCE-MT já solicitou informações completas do funcionamento da unidade e irá comparar como o local foi administrado nos 300 dias de intervenção, assim como nos 300 dias anteriores, sob tutela de Emanuel.

“Não adianta ficar jogando informações truncadas e equivocadas, o TCE sabe o que fez, o que está fazendo e o que vai fazer. Não adianta ficar com informações jogadas ao vento, quando um gestor quiser denunciar ou cobrar, pode chegar no TCE, Ministério Público e Tribunal de Justiça, não precisa ficar jogando informações pela imprensa para depois ver como é que fica, para tentar buscar convencimento”, afirmou.

“Poderiam ter levado os questionamentos para o TCE e MPE, mas jogar na imprensa? As informações estão equivocadas, é absurdo chamar profissionais de nazistas, dizer que isso aqui virou câmara de gás, não é verdade. Isso é discurso político, de ataque político. Não é política de gestão”, acrescentou.

Na semana passada, Emanuel convocou uma coletiva de imprensa para mostrar dados do levantamento feito por sua equipe, sobre como a Saúde municipal foi entregue pela intervenção, no dia 31 de dezembro.

O emedebista disse que, neste período, pacientes em estado grave foram deixados no Hospital São Benedito para morrer. Conforme o levantamento, a unidade hospitalar registrou 196 óbitos entre 15 de março e 31 de dezembro, sendo que no mesmo período de 2022, foram 105 mortes; aumento de 86%.

A prefeitura afirmou que o aumento é resultado da má gestão do gabinete de intervenção, que teria retirado da unidade a alta complexidade, nas áreas de ortopedia e neurocirurgia. Segundo a prefeitura, pacientes graves chegavam nas UPAs e eram encaminhados para o São Benedito, mesmo que já fosse de conhecimento da gestão que a unidade não tinha como atendê-los.

“Hospital vazio”

Sérgio Ricardo afirmou, no entanto, que a situação no hospital era diferente do que o município afirmou. Disse que antes da intervenção, a unidade estava praticamente vazia, com 40% dos leitos sem utilização. O suposto aumento de óbitos seria pela mudança do perfil dos atendimentos, após a intervenção, já que o São Benedito passou a atender mutirões de cirurgias.

“Não morreram mais pessoas durante a intervenção, do que antes. A informação é incorreta, mal interpretada. O São Benedito tinha um perfil antes da intervenção e passou a ter outro depois. Tinha desocupação de 40%, um hospital vazio e, mesmo assim morreram 100 pessoas. Temos que questionar o motivo de ter morrido 100 pessoas num hospital praticamente vazio. Tratava basicamente de ortopedia, como que morre tanta gente?”, disse.

“Depois da intervenção, esse hospital passou a ter o perfil cárdio, com cirurgias e atendimentos, e lotou todos os seus leitos, com tratamento de alta complexidade. Já solicitei e vamos fazer um quadro, com levantamento completo dos 300 dias de intervenção, para ver o que aconteceu no São Benedito, e os 300 dias antes da intervenção”, pontuou.
Imprimir