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Sem propostas para população LGBTQIAPN+ em plano, Abilio alega que não pretende 'dar privilégio e fazer aparthaid'

Da Redação - Bruna Barbosa

Com o maior plano de governo para as eleições municipais, o candidato a prefeito de Cuiabá pelo PL, Abilio Brunini, não apresenta propostas para a população LGBTQIAPN+ entre as cem páginas do documento. A decisão é justificada por ele como uma forma de "não dar privilégios" para determinados grupos. Abílio falou sobre a ausência de proposições para LGBTs durante entrevista no programa Tribuna, da rádio Vila Real FM, na manhã desta quarta-feira (21). 

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O candidato a prefeito de Cuiabá também afirmou que pensar em propostas para determinado público, no caso LGBTs, seria "aumentar o preconceito" através de segregação ou "um aparthaid". "Dar privilégio para um grupo em detrimento do outro, aumenta o preconceito. A solução nunca é segregar, não é fazer um aparthaid: isso aqui é bandeira colorida e isso aqui é bandeira de uma cor só. Não, todos temos o mesmo direito ao serviço público, todos temos que ser tratados com respeito, todos temos que ser tratados com dignidade, todos temos o direito a segurança pública e combate a violência, combate a violência de gênero para todos". 

Para Abílio, todos devem ter o mesmo direito ao serviço público. Ele exemplificou dizendo que nas unidades de saúde de Cuiabá não falta atendimento médico apenas para quem é hétero. "Falta médico para todo mundo. Quando você vai em um posto de saúde e não consegue agendar um exame, falta só para quem é hétero? Falta para todo mundo. Não tem essa diferenciação, todos somos iguais perante a lei. Combater o preconceito incluindo e não segregando, segregar aumenta o preconceito, incluir combate o preconceito, concientizar que somos todos iguais, diminui o preconceito". 

Na tentativa de continuar justificando a ausência de propostas nas cem páginas do plano de governo, o candidato chegou a usar uma citação, feita em outro contexto, do filme "Ô Pai, Ô". "Até parece aquela fala de 'Ô Paí Ô': nós não sangramos igual? Nós não sofremos igual? Quando o serviço público de saúde não funciona, nós não sofremos igual? Quando falta leito de UTI, não falta para todo mundo? Nós não segregamos, decidimos incluir". 

Crimes contra a população LGBT 

Nos cinco primeiros meses de 2024, a secretaria estadual de Segurança Pública (Sesp) registrou 142 casos de crimes contra LGBTs em Mato Grosso, representando quase um caso por dia no período analisado. Outra pesquisa realizada neste ano, o Atlas da Violência, revelou o aumento de 39,4% nas agressões à comunidade LGBT+, com quase um caso por hora no Brasil, em 2022.
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