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Professor lamenta declarações de Mauro e afirma que estudo podia ser usado gratuitamente para conter pandemia

Da Redação - Wesley Santiago

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Moisés Cecconello, um dos responsáveis pelos estudos que estão sendo feitos desde o início da pandemia no Estado, lamentou as declarações do governador Mauro Mendes (DEM), que questionou os métodos utilizados nos estudos, chegando a dizer que até Mãe Dinah acertava mais, mesmo que a vidente tenha morrido há alguns anos. Segundo o Cecconello, o chefe do Executivo poderia estar usufruindo do conhecimento gratuito, baseado em padrões internacionais, que está sendo colocado a sua disposição para conter o avanço da Covid-19.

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Vale lembrar que Mato Grosso é apontado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) como o novo epicentro do coronavírus no Brasil, com um aumento acelerado de casos e mortes. Até a última atualização, na noite de segunda-feira (21), eram 35.673 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, sendo registrados 1.386 óbitos.
 
“A gente lamenta a declaração. Desconheço as razões que levaram o governador a emitir esta opinião. Nós, enquanto pesquisadores, estamos alheios a opiniões. Ciência tem característica importante de estar alheia isto. Faz parte da nossa rotina escrever artigos para revistas cientificas que atendem os mais rigorosos critérios para serem publicados, inclusive em revistas internacionais”, disse o professor ao Olhar Direto.

Cecconello possui graduação em Matemática e mestrado e doutorado em matemática aplicada pela Unicamp.
 
O professor ainda acrescenta que estes mesmos critérios utilizados para escrever artigos internacionais foi utilizado nos estudos mato-grossenses. “Talvez seja o momento em que estamos vivendo. As pessoas acabam desacreditando da ciência. Só temos que lamentar, porque o Governo do Estado poderia estar usufruindo deste conhecimento, que está sendo colocado de maneira gratuita para que possa tomar as medidas necessárias”.
 
Segundo o estudioso, ele e os colegas se viram na obrigação de compartilhar os seus conhecimentos para ajudar no combate ao novo coronavírus. “Montamos um time de especialistas, em várias áreas, para montar este estudo. O objetivo é dar uma resposta para a sociedade e produzir algo que servisse de base para os gestores públicos tomarem as decisões que acharem melhores”.
 
Todas as projeções feitas pelos pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foram realizadas por meio de modelos matemáticos, considerando a proporção de infectados e o número acumulados de casos.
 
Os pesquisadores ressaltam que os modelos matemáticos podem, e devem ser vistos como uma aproximação, ou caricatura, da realidade. A confiabilidade deles depende fortemente da confiabilidade das fontes de informações da realidade os estudiosos tem acesso. “Quanto mais precisas forem as informações disponíveis, maior será o grau de previsibilidade do modelo sobre a realidade”, diz o documento.

Olhar Direto fez levantamento que mostra as projeções feitas pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) desde o início da pandemia, mostrando quais eram as previsões e o que, de fato, se concretizou (veja AQUI).

Sobre as projeções, o professor pontuou que "não 'acertar' uma projeção, não significa algo ruim. Pode ser, inclusive, uma coisa boa, porque as medidas podem ter sido tomadas, para evitar que aquilo que estava previsto acontecesse. Um sinal de que o estudo foi levado em conta e medidas foram tomadas".
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