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PF prende nove criminosos por lavar dinheiro do tráfico de drogas em postos de combustíveis

Da Redação - Fabiana Mendes

A Polícia Federal prendeu nove pessoas nesta quinta-feira (22), na segunda fase Operação Jumbo, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que lava dinheiro do tráfico de drogas do Comando Vermelho em postos de combustíveis, mineradores e transportadoras.   

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Ao todo, os policiais cumpriram 23 mandados de busca e apreensão, nove mandados de prisão preventiva, além do sequestro de diversos bens nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Alta Floresta, Mirassol D`Oeste, Pontes e Lacerda, Palmeira D`Oeste/SP, Boa Vista/RR e Mucajaí/RR.

Todos os mandados expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá-MT.

Segundo informações da PF, a deflagração da segunda fase decorreu principalmente das análises dos celulares dos investigados, apreendidos na primeira fase da operação, principalmente de Tiago Gomes de Souza, conhecido como Baleia, 36 anos, líder da organização criminosa.

Com apreensão dos celulares, a PF conseguiu identificar outras pessoas físicas e jurídicas atuantes nas práticas criminosas, não reveladas na fase inicial das investigações.

Com a ação de hoje, já totalizam quatro postos de combustíveis sequestrados por determinação judicial.

Os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de capitais (art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98) e organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13), cujas penas somadas podem ultrapassar 18 anos de prisão.

As investigações e diligências contra o tráfico de drogas continuam, com especial atenção à prisão das lideranças e à descapitalização de organizações criminosas.

Primeira fase

Na investigação que resultou na primeira fase da operação em maio deste ano, a PF apurou que os criminosos tinham uma metodologia de aquisição e transportavam a droga por meio de ‘mulas’, que caminhavam por cerca de cinco dias, trazendo a cocaína da Bolívia nos ombros. Ao chegar na zona rural Porto Esperidião, onde o grupo tinha uma espécie de base, a droga era levada para Mirassol D’Oeste e depois para a Capital mato-grossense. Em dois dos transportes, a Polícia Militar e o Gefron conseguiram interceptar 210 quilos de cocaína.

A organização criminosa se dividia em dois núcleos: um responsável pela logística e transporte da droga e outro composto por empresários, que lavavam o dinheiro principalmente em postos de combustíveis, conveniências, além de uma mineradora.

Os valores adquiridos através do tráfico de drogas eram mesclados aos ganhos regulares dos postos de combustíveis e conveniências, para dificultar que a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) notasse alguma irregularidade.

A investigação levantou que eram de propriedade de Baleia os seguintes estabelecimentos: postos Jumbo e Atalaia, ambos localizados na Rodovia Palmiro Paes de Barros; além de outro posto na avenida Miguel Sutil. Os criminosos movimentaram cerca de R$ 350 milhões em quatro anos. 

Em julho de 2021, depois da troca de informações com a Diretoria de Inteligência da PM, a PF instaurou inquérito, descobriu o enriquecimento ilícito de Baleia e desmantelou o esquema do chefe do tráfico na capital mato-grossense.

Outro ponto importante apurado no inquérito foi a vida pregressa e o padrão de vida levado por Baleia nos últimos anos. Ele tinha uma troca constante e incomum de automóveis, todos de luxo, além de residir em um dos condomínios com os imóveis mais caros de Cuiabá.

Na vida do crime, começou ainda adolescente como traficante de lança-perfume, fez parte de gangues, depois foi investigado como mandante de um homicídio. Por último, se tornou dono de ‘boca de fumo’, até passar a trabalhar como taxista.  

Ao mudar de cargo na prática criminosa, passou a figurar como empresário a partir do financiamento do tráfico, inclusive mantendo contato quase que diário com uma facção criminosa instalada em Mato Grosso.

Depois de comprar o Jumbo, Baleia teria comprado os postos Atalaia e outro na avenida Miguel Sutil, usando uma mulher como laranja. A ideia do criminoso era de expandir seus negócios com uma rede de postos na região metropolitana de Cuiabá, por meio do dinheiro do tráfico de cocaína que vinha da Bolívia para Mato Grosso.
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