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Mãe e filha, empresárias presas em operação lavavam dinheiro do tráfico de drogas em restaurante

Da Redação - Fabiana Mendes

As empresárias Lilian Filomena da Silva, 50 anos, e Larissa Rita da Silva Batista, 24, foram presas na manhã desta quarta-feira (7), durante a Operação Efialtes deflagrada pela Corregedoria da Polícia Civil. Mãe e filha, elas seriam responsáveis por lavar dinheiro da venda do entorpecente subtraído de uma delegacia. A droga era substituída por tijolo, gesso, isopor e areia e a polícia descobriu a alteração do material durante uma incineração realizada em abril deste ano em Cáceres (220 km de Cuiabá).

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Lilian é professora, ex-servidora da Câmara Municipal e ex-candidata a vereadora pelo Cidadania. Ela e a filha são proprietárias de um restaurante na avenida Tancredo Neves, na rua Tiradentes, no Centro. 

Em agosto deste ano, Lilian protagonizou um caso de ameaça praticado pelo policial civil Luismar Castrilon, 50 anos, preso por crime de agiotagem na operação Loan Shark e também alvo da Operação Efialtes.

O servidor teria ameaçado matar a professora e em depoimento à Polícia Civil, Lilian disse que teria contraído empréstimo de R$ 150 mil com Luismar. Porém, segundo a versão da professora, Luismar teria passado a cobrar R$ 1 milhão como pagamento. O policial chegou a enviar um áudio para a filha dizendo que ela iria ver a mãe “morta e estendida”.

Diferente da versão de empréstimo, a polícia teria descoberto que elas lavavam dinheiro do esquema e que a confusão teria sido causada porque Lilian não teria devolvido a Luismar uma certa quantia em dinheiro. 

Outros alvos

Uma faxineira da Central de Flagrantes (Cisc) e a filha dela estão entre os presos. Maria Lúcia da Silva e Ariane da Silva Almeida seriam os auxiliares de policiais civis do Cisc (1ª DP) e da Defron que desviavam drogas apreendidas na fronteira entre Mato Grosso e Bolívia. Leia mais AQUI

Também foram identificados como alvos cinco policiais civis. São eles: Antônio Mamedes (também é suplente de vereador e está foragido), Luismar Castrillon Ramos, de 50 anos, Ariovaldo Marques Aguilar, Sérgio Amâncio da Cruz e Paulo Sérgio Alonso. Outros envolvidos na organização criminosa são: Túlio Senabio do Carmo, a esposa de Mamedes e Larissa Rita da Silva Batista, 24 anos.

Investigação

A Corregedoria da Polícia Civil começou a investigar o caso em abril deste ano quando policiais da Defron realizavam incineração de uma tonelada de droga e descobriram que alguns lacres haviam sido rompidos e parte do material substituído por tijolo, gesso, isopor e areia, por exemplo.

Na ocasião, a Perícia Técnica (Politec) esteve no local para fazer análise dos dados e dos lacres. Mas a presença dos peritos teria deixado alguns policiais desconfortáveis. Dois dos alvos da operação estavam entre os servidores que realizavam a incineração.

Um mês após a descoberta da troca do entorpecente, a segurança na 1ª Delegacia de Polícia (Cisc) foi reforçada, conforme explicou a delegada Alessandra Marquez Alecrim, em coletiva de imprensa. “Desde que eu assumi a regional e quando foi liberado nosso acesso a sala da 1ª DP pela Corregedoria, em maio, mudamos o ingresso da sala cofre. Hoje é com fechadura que só um servidor tem acesso porque é por digital. Essa fechadura é auditável, ela marca quanto tempo a porta ficou aberta, que hora abriu e fechou, o dia. E na sala de drogas temos uma câmera e do lado de fora uma câmera de cada lado do corredor que funciona 24 horas por dia para filmar quem passa. Além da fechadura, temos dois cadeados e mais a chave que trancamos lá”, disse.

Segundo a investigação, os policiais vendiam o entorpecente a traficantes que usavam um dos mais antigos corredores do tráfico de cocaína: a Rota Caipira, no interior de São Paulo. As drogas foram enviadas para Uberlândia (MG), pela Rota Caipira, e para o Nordeste (Maranhão e Piauí), sendo utilizadas empresas para lavar o dinheiro nos estados de Tocantins (Palmas/Nova Rosalândia) e de Mato Grosso (Mirassol d’Oeste e Cáceres).

Foram identificados três grupos envolvidos no esquema: o primeiro dos policiais e de seus auxiliares, para a substituição e subtração das drogas apreendidas; segundo dos traficantes compradores e responsáveis pelos transportes e o terceiro o dos responsáveis pela lavagem de dinheiro, seja pelas empresas ou por laranjas.

Conforme a Polícia Civil, foram decretadas 102 ordens judiciais, sendo 39 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensões, quatro ordens de suspensão de atividades econômicas de empresas utilizadas para realizar a lavagem de dinheiro, além do bloqueio de valores no montante de R$ 25 milhões, sequestro de 14 veículos e quatro imóveis e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.
 
As ordens judiciais foram cumpridas nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Piauí, Maranhão, Tocantins e Goiás. A operação conta com a participação de mais de 300 policiais civis, sendo 270 da Polícia Civil de Mato Grosso e 30 dos outros estados.
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