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Transferência de presos e fechamento do antigo Carumbé desagrada desembargador, que fará apontamentos

Da Redação - Max Aguiar

O desembargador Orlando Perri, responsável pelo Grupo de Monitoramento do Sistema Carcerário de Mato Grosso, não está satisfeito com a transferência dos mais de 400 presos do Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC) para a unidade Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande. Segundo informações levantadas pela reportagem, a ordem do governador Mauro Mendes (UNIÃO) para fechar a unidade prisional não agradou o jurista e por isso ele fará uma série de apontados ao chefe do Executivo.

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Informações repassadas à reportagem apontam que Perri encontrou diversas coisas "de qualquer jeito" e que a falta de estrutura na unidade Ahmenon Dantas preocupa, principalmente pela falta de efetivo para monitorar os reeducandos e cuidar das alas. Tanto dos setores comuns, quanto nos raios em que estão os detentos de alta periculosidade.
 
A situação de desconforto se deu após decisão do governador em fechar o antigo presídio Carumbé por conta de estar entre bairros residenciais e ao lado de uma escola militar. A desocupação do presídio já era esperada há pelo menos 10 meses. Porém, o Tribunal de Justiça era contra. Mesmo assim,  o governador aproveitou um evento da Segurança Pública e ordenou que o secretário de Administração Penitenciária, com urgência, agilizasse uma operação de transferência e levasse todos os presos para Várzea Grande.

O secretário Jean Carlos Gonçalves chegou a comunicar o desembargador da ordem do governador. Os bastidores ainda citam que Jean ficou "sem jeito" na comunicação, “pois estava entre a cruz e a espada, sem saber quem obedecer”, cita a fonte.

Mesmo assim, a ordem do governador foi cumprida e todos os detentos foram encaminhados para Várzea Grande e isso foi recebido como uma afronta pelo desembargador Orlando Perri. Diante da informação, Perri foi ao presídio, anotou o que deve ser modificado e irá se reunir com Mauro Mendes para tratar das mudanças.

Por enquanto, as principais queixas anotadas são falta de efetivo, melhoramento de estrutura e segurança dos presos e dos servidores que trabalham na unidade. A ida do desembargador foi acompanhada pela OAB, que também deve se manifestar.

Por enquanto, não se sabe o que será feito no prédio do antigo Carumbé. Os detentos do Centro de Custódia de Cuiabá, que fica anexo ao Carumbé, também serão transferidos. Mas, esses serão realocados para a ala nova da Penitenciária Central do Estado. Ao total, lá estão sendo monitorados 50 presos, todos com curso superior.

Em nota, o Governo do Estado disse apenas que a transferência é cumprimento de um TAC assinado com o Ministério Público e afasta qualquer polêmica entre o governador e o desembargador Perri.


Veja nota na íntegra

A Secretaria de Estado de Segurança Pública informa que, com base no Termo de Ajustamento de Conduta(TAC 01/2020), assinado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público de Contas do Estado, Defensória Pública do Estado de Mato Grosso, Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso e o Governo do Estado, fez nesta data(05.01) a transferência dos reeducandos do Centro de Ressocialização de Cuiabá(CRC) e do Centro de Custódia da Capital(CCC).
O TAC prevê a desativação do CRC, antigo Carumbé, e autoriza o Estado a fazer as transferências conforme a construção, ampliação e abertura de novas vagas nas unidades prisionais. 

Os reeducandos foram transferidos para o Complexo Penitenciário Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande. 469 no total, sendo condenados 339 e 130 provisórios.
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