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Prefeito diz que Marina Silva se mostrou favorável a traçado original da BR-158, que corta a TI Marãiwatsédé

Da Redação - Érika Oliveira

O prefeito de Querência (945 km de Cuiabá), Fernando Gorgen (UNIÃO), que preside a Associação dos Municípios do Norte Araguaia (AMNA), afirmou que irá a Brasília discutir a retomada da construção da rodovia BR-158, que corta o interior da reserva indígena Marãiwatsédé. O uso da via se mantém fechado por determinação da Justiça. Mas, de acordo com Gorgen, há disposição da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em restabelecer a obra pelo traçado original.

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“Nós queremos que o Governo faça a estrada, seja pelo traçado original – que nós julgamos ser a melhor alternativa –, seja contornando a reserva. Nessa questão ambiental, há muitos interesses internacionais – não acho que estejam preocupados com indígenas. Além disso, o contorno, na nossa visão, vai trazer muito mais dano e custar muito mais caro. O objetivo desses falsos ambientalistas é travar o nosso desenvolvimento. Eu tive uma conversa com o Neri Geller, que já tratou desse assunto com a Marina Silva e nos passou que ela se mostrou ligeiramente favorável ao traçado original”, disse o prefeito, ao Olhar Direto.

A BR-158 possui extensão total de 3.961,4 km. A rodovia parte de Mato Grosso em direção à fronteira com o Uruguai. Em seu traçado original, adentra na TI Marãiwatsédé, do povo Xavante – autodenominado A’uwe. O território da TI comporta mais de 165 mil hectares, nos municípios mato-grossenses de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia.

A TI Marãiwatsédé foi declarada de ocupação tradicional pelo Ministério da Justiça, em 1993, e homologada por decreto da Presidência da República, em dezembro de 1998. Apesar do reconhecimento oficial, os Xavante só conseguiram a posse definitiva de sua terra em 2014, após mais de 40 anos de luta dos indígenas, removidos à força de seu território em 1966.

Em 2019, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça a suspensão do uso da via por um ano, além de requerer que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se abstivesse de emitir licença ambiental quanto ao trajeto que corta a respectiva terra indígena e apresentasse o Plano Básico Ambiental. O Plano deve assegurar a adoção de medidas mitigatórias e compensatórias, decorrentes do uso do trecho que atravessa a reserva, entre outros.

O pleito do MPF foi atendido pela juíza federal Danila Gonçalves e, posteriormente, confirmado pela 5ª Turma do TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), por unanimidade.

Já em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que seria construído um contorno de 190 quilômetros, para que a pista não passasse pela reserva indígena Marãiwatsédé. A previsão era de que as obras fossem iniciadas em 2022, mas o projeto não saiu do papel.
 
 
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