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Feirantes do Mercado do Porto reclamam de redução de espaço, poças de água e elevador parado

Da Redação - Mayara Campos

A primeira etapa da revitalização do Mercado do Porto foi entregue na última sexta-feira (21), pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), durante uma cerimônia de inauguração com toda a pompa e presença em peso dos políticos de Cuiabá. Com investimentos totais de R$ 13 milhões, as obras do novo espaço levaram cerca de cinco anos para serem finalizadas. A propaganda foi intensa e a sociedade cuiabana ansiava por um mercado municipal com estrutura adequada e ambiente agradável. No entanto, mais uma obra foi entregue pela Prefeitura de Cuiabá sem estar totalmente finalizada, gerando alguns contratempos para os permissionários do Mercado do Porto.

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O Olhar Direto esteve no local nesta semana e verificou que os dois elevadores do novo espaço ainda não foram ativados, há tomadas sem interruptores, vazamento de água no espaço externo que foi “improvisado” para realocar os feirantes que vendem frutas, verduras, carnes e peixes, fora alguns outros detalhes como paredes, janelas e portas sujas, com resquícios das obras.

Em conversa com alguns permissionários, ficou evidente que a mudança do antigo Mercado do Porto, que agora passará por uma reforma e deverá ser entregue em até um ano, conforme prometido pelo prefeito, foi complicada para alguns, pois tiveram seus espaços do comércio reduzidos e pouco tempo para preparar o box ou quiosque para a inauguração, no dia 21.

“Perdi metade da minha banca aqui, para caber todo mundo, mas quando voltar para o espaço antigo reformado, terei meu espaço em tamanho normal. Nós fomos avisados, mas o problema foi o tempo que nos deram para mudar, que foi um pouco atrapalhado, nós tivemos que ficar até 3 horas da manhã aqui, mas acabou dando tudo certo, foi bem corrido. Eles avisaram quando faltava 10 dias para mudar para cá, mas acabou que tivemos três dias para arrumar nosso espaço”, conta o feirante Evandro, que está no Mercado há 15 anos.



Um funcionário de uma das bancas de açougue, que ficam na parte externa do novo espaço do Mercado do Porto, enquanto o antigo passa pela reforma, contou à reportagem que as condições de trabalho para quem está ali não são das melhores. Mesmo com a instalação de climatizadores nas tendas, há exposição solar em alguns horários do dia, que podem danificar produtos. Além disso, os clientes assíduos reclamaram da disposição dos quiosques e da dificuldade para encontrar os feirantes “de sempre”.

Outro permissionário, Sebastião Humberto da Silva, proprietário de uma banca de peixes há 35 anos no Mercado do Porto, reforça a questão das tendas “improvisadas” na área externa. Além de ter seu espaço bastante reduzido, não há estrutura adequada para a exposição dos produtos.

“A mudança prejudicou a gente, mas eu acho que vai ser bom depois, aqui é temporário, vamos passar uns dois, três anos, mas por enquanto, o Sol e o calor atrapalham bastante. Meu espaço ficou bastante reduzido, mas falam que depois vai voltar para o espaço normal com a entrega do espaço reformado. O público para a gente deu uma reduzida porque as pessoas vêm mais para conhecer, para comprar vem mais cliente fiel mesmo. Para o volume de gente, está a mesma coisa, nem ruim, nem bom”, conta Sebastião, que precisou ficar até às 2h da manhã durante cinco dias para finalizar sua mudança para a inauguração da primeira etapa do Mercado do Porto reformado.

Na parte externa, nota-se poças de água que saem da refrigeração dos açougues e peixarias. O permissionário William Araújo da Silva, que vende rações para animais no Mercado há 19 anos, acompanhou de perto os percalços enfrentados pelo pessoal da parte externa. Ele contou à reportagem que muitos estão precisando se adaptar ao novo espaço reduzido, para fazer a limpeza dos peixes, e não conseguem ter os antigos tanques de exposição, onde o cliente podia ver a espécie, antes de comprar.

Fora isso, os próprios donos das bancas precisaram arcar com alguns custos para adaptação do espaço para instalação de itens essenciais para a comercialização do peixe. Por conta disso que a água acaba vazando para o estacionamento.

Outro ponto levantado por William é que o projeto da reforma do antigo Mercado do Porto nunca foi apresentado para os permissionários. Foram realizadas reuniões com a Prefeitura de Cuiabá, mas não houve uma apresentação do projeto final, eles não sabem como ficará, e também não há informações e transparência sobre a empresa que venceu o processo licitatório. A promessa de entrega do espaço reformado em um ano é encarada com otimismo e esperança por muitos, mas a maioria acredita que levará mais tempo.

William mesmo reforça que prefere uma obra mais demorada do que entregue pela metade, na pressa de finalizar, se referindo ao mandato de Emanuel Pinheiro como prefeito de Cuiabá, que acaba em 2024.

“O Mercado sempre foi um centro de atenções, mas ele ficou esquecido pela população, até por conta de todas as obras na região. Nesse primeiro momento, muitos clientes voltaram e tentam se reestabelecer, até para encontrar as pessoas que vendiam no antigo espaço. Mas a mudança não foi tranquila porque tivemos várias e várias datas para a entrega e quando foi anunciada a data final, nem estávamos acreditando muito, mas aí tivemos 10 dias para fazer a mudança. Foi uma correria, e todos correndo ao mesmo tempo, causou um certo imbróglio, mas deu tudo certo”, conta o administrador.

William afirma que faltam alguns detalhes na entrega do novo espaço e cita os elevadores. Ele também diz que alguns lojistas ainda não conseguiram fazer a mudança para os novos espaços e outros acabaram nem iniciando. “Foi tudo muito rápido, muitas lojinhas ainda não conseguiram se adequar no espaço novo, porque foram reduzidos”.

“A realidade pintada pela Prefeitura é outra. Muita gente perdeu metragem na mudança, antes foi anunciado que seria uma pequena diferença, mas é mais de metade do espaço perdido”, conta outro permissionário, que preferiu não se identificar.



A reportagem entrou em contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Obras Públicas, pedindo um posicionamento sobre os problemas encontrados no novo Mercado do Porto, e recebeu a seguinte nota:

Nota à Imprensa

Quanto ao Mercado  Antônio Moyses  Nadaf, o Mercado do Porto, é necessário esclarecer: 

Cumprindo aos preceitos de segurança, a administração realiza testes em um  elevador e o outro já está em funcionamento. Até a quinta-feira (27), o segundo elevador estará ativo, 

Quanto ao projeto de revitalização da antiga estrutura,  é necessário reiterar que a gestão pauta-se pelo diálogo com os permissionários e que manterá à mesma metodologia;

Quanto à entrega da reforma da segunda parte do Mercado do Porto, ela deverá ser entregue no segundo semestre de 2024, após a realização de todos os trâmites exigidos pela legislação vigente; 

Com relação aos espaços comerciais, é necessário esclarecer que nessa primeira etapa, a gestão possibilitou a entrega de 54 boxes definitivos. Os demais, irão atuar provisoriamente (até a conclusão da segunda etapa do projeto) em 16 tendas instaladas (cada uma de 10x10). A administração instalou, na parte externa (tenda), 16 climatizadores ecologicamente adequados e que garantem a redução da temperatura ambiente em até 15º C.

Para aprimorar os espaços comerciais ainda não definitivos (área externa), uma ação conjunta entre permissionários e a administração pública irá possibilitar a instalação de uma varanda, reduzindo a exposição ao sol de verduras, folhagens e frutas; 

De maneira sustentável, as telhas utilizadas na antiga estrutura das lanchonetes serão reaproveitadas; 

O levantamento de itens e orçamento para execução da obra já foram iniciados.
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