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Funcionários da Ambev que recusavam esquema de desvio de cerveja eram ameaçados de morte

Da Redação - Amanda Divina/ Do Local - Gustavo Castro

Detalhes da investigação da Polícia Civil apontam que os funcionários da Ambev que não aceitavam integrar o esquema de desvio de cargas de bebidas alcóolicas da empresa eram ameaçados e coagidos a pedir demissão. A execução dos crimes contava com a participação de empregados que atuavam em diversas funções.

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Segundo o delegado Luiz Felipe Leoni, quando os trabalhadores eram contratados na empresa, os integrantes do grupo criminoso passavam a questioná-los sobre a possibilidade de participar do esquema. 

Caso o empregado rejeitasse, ele era ameaçado de morte para não relatar o esquema e coagido a pedir demissão. 

"Ao que parece esse esquema criminoso já acontecia há alguns anos. Os funcionários que eram contratados, eles já eram corrompidos a participar desse esquema criminoso. Aqueles funcionários da cervejaria que porventura fossem contra esse tipo de prática criminosa, eles eram imediatamente alijados do processo porque eram ameaçados se porventura viesse a comentar sobre esse esquema criminoso", disse o delegado.

A investigação da Polícia Civil apurou que os desvios das bebidas alcoólicas das marcas Budweiser, Skol, Antártica, Brahma e Stella Artois, produzidas pela cervejaria instalada na capital, eram feitos por funcionários da fábrica e de duas empresas que prestam serviços de logística à fabricante.

A execução dos crimes contava com a participação de empregados que atuavam em funções de conferencistas, porteiros, motoristas, ajudantes de motorista, carregadores.

O delegado apontou ainda que alguns funcionários que eram recontratados começavam a atuar na organização criminosa.

"E o que chamou a atenção é que os que eram contratados, recontratados novamente, acabavam praticando a mesma coisa. Quer dizer, era uma prática criminosa que se arrastava durante algum tempo. Então, eram demitidos e novos que participavam também acabavam entrando num esquema criminoso", pontuou o delegado.

O grupo envolvido desviava as cargas que eram devolvidas por clientes da cervejaria. Para isso, era falsificada uma declaração pelo conferencista e o porteiro da cervejaria confirmando que houve a entrada dos lotes de cervejas na fábrica.

Em seguida, as cargas das bebidas eram desviadas aos receptadores. Um deles é a distribuidora Itália, que fica no bairro Renascer. Foi realizado uma perícia nas bebidas ofertadas pela distribuidora e comprovado a adulteração dos lacres por parte do proprietário Luiz Gontijo.

Apesar da comprovação, o delegado afirmou que ainda está sendo investigado o repasse de bebidas da distribuidora para mercados.
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