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Moradores de gleba onde ocorreu chacina denunciam atentados e novas ameaças

Da Redação - Fabiana Mendes

Moradores da Gleba Taquaruçu, em Colniza (1.114 km de Cuiabá), onde ocorreu uma chacina em 2017, denunciaram novas ameaças a Polícia Civil e Militar nas últimas semanas. Inclusive, no último dia 4, alguns homens teriam expulsado uma família de casa e ateado fogo na residência. Temendo novas mortes, o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) havia notificado a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) para que fossem enviados policiais ao local.

Nove trabalhadores foram mortos em 2017 por um grupo de extermínio denominado “os encapuzados”, conhecidos na região como “guachebas”, ou matadores de aluguel, contratados com a finalidade de praticar ameaças e homicídios. O crime que chocou o estado e foi destaque nacional.

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Na última terça-feira (24), uma operação da Polícia Militar (8º Comando Regional) denominada Gold and Earth (Ouro e Terra) colheu algumas informações sobre as ameaças. A Polícia Civil e Secretaria de Meio Ambiente (Sema) também acompanharam a situação no Distrito de Guariba.

De acordo com os moradores, pessoas que não moram na Gleba estariam fazendo algumas ameaças. A situação teria acontecido após a melhora na estrada e a notícia que haveria energia elétrica no local. Anteriormente os moradores usavam um gerador. 



O líder da Associação dos Moradores de Taquaruçu, Júlio Cesar, confirmou as constantes ameaças. Ainda segundo ele, diversas pessoas estranhas estariam frequentado a região. Uma ponte entre o distrito de Guariba e balsa do Rio Roosevelt também teria sido queimada.

Na ocasião, a Sema realizou a fiscalização na aérea devido às queimadas e desmatamento. Foi feito um levantamento, para que posteriormente seja notificado os responsáveis. Os moradores ainda foram orientados a realizar o Cadastramento de Ambiente Rural (CAR), para obter um documento que residem na área. Posteriormente o documento poderá ser utilizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
 
A área objeto de disputa aguarda regularização fundiária junto ao Incra e é rica em minério – especialmente ouro – o que atrai o interesse de muita gente dos mais diversos lugares do país, ocasionando conflito agrário.
 
Chacina

No dia da chacina, Valdelir João de Souza, conhecido como “Polaco Marceneiro” e Pedro Ramos Nogueira, vulgo “Doca”, a mando de Valdelir, foram até a Linha 15, munidos de armas de fogo e arma branca, onde executaram Francisco Chaves da Silva, Edson Alves Antunes, Izaul Brito dos Santos, Alto Aparecido Carlini, Sebastião Ferreira de Souza, Fábio Rodrigues dos Santos, Samuel Antonio da Cunha, Ezequias Satos de Oliveira e Valmir Rangel do Nascimento.

O grupo de extermínio percorreu aproximadamente 9 km, matando, com requintes de crueldade, todos os que encontraram pelo caminho. “Os denunciados executaram as vítimas, em desígnios autônomos, de forma repentina e mediante surpresa, utilizando-se de crueldade, inclusive tortura, dificultando, de qualquer forma, a defesa dos ofendidos”, diz a denúncia.
 
A crueldade empregada pelo grupo de extermínio pode ser constatada em cada vítima assassinada. Os corpos de Francisco e Edson foram encontrados com ferimentos provocados por arma de fogo, já a vítima Valmir tinha vários cortes causados por golpes de arma branca. Ele foi encontrado degolado e com as mãos amarradas para trás. Os três estavam no lado direito da Linha 15. Cerca de 6 km à frente, em um verdadeiro rastro de morte, foi encontrado o corpo de Izaul, ao lado de sua casa. Ele também foi degolado e estava com as mãos amarradas para trás. Aldo foi morto por disparo de arma de fogo e Ezequias com golpes de faca no pescoço. Os dois estavam no km 2 da Linha 15.

Sebastião foi encontrado dentro de casa. Ele foi executado com golpes de facão. Os dois últimos corpos foram localizados nas proximidades de um córrego. Fábio e Samuel apresentavam ferimentos provocados por arma de fogo.
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