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Após mandar matar o próprio marido, esposa de empresário planejou a morte de assassino de aluguel para "queimar arquivo"

Da Redação - Fabiana Mendes / Wesley Santiago

Ana Cláudia Flor, esposa do empresário Toni da Silva Flor, de 38 anos, baleado no dia 11 de agosto de 2020, em frente a uma academia de Cuiabá e apontada como a mandante do assassinato, também queria acabar com a vida do executor Igor Spinozza como 'queima de arquivo’. A mulher foi detida nesta quinta-feira (19), durante Operação Capciosa da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As investigações são conduzidas pelo delegado Marcel Oliveira.

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“Após pouco mais de um ano de investigação, diversos depoimentos tomados, diversas análises realizadas pelo Núcleo de Inteligência da DHPP, chegamos a esses desdobramentos que começaram com a prisão do Igor”, declarou o delegado.



Ana Cláudia teria procurado um dos intermediadores para encomendar outra execução. “Ela chegou a cogitar matar o Igor, que é o executor e seria a principal pessoa que poderia acusá-la”, acrescentou durante coletiva. 

As investigações da Polícia Civil apontaram que Ana Cláudia seria a mandante do crime e diversos elementos também comprovaram. Conforme o delegado, Ana Cláudia costumava ir na delegacia todos os meses questionar sobre os andamentos da investigação. Além disso, com a prisão de Igor, ela teria questionado se somente o depoimento do acusado seria suficiente para incriminá-lo. A mulher nega todas as acusações.

Ao ser detido na semana passada, o executor Igor Spinozza contou detalhes do ocorrido e afirmou que teria dado cinto tiros no empresário. Quando o suspeito chegou à delegacia, a mãe de Toni, Nice da Silva Flor, estava na porta. Ela gritou para Igor e questionou: "Porque você fez isso?". 

Dos R$ 60 mil prometidos pela acusada, R$ 20 mil em espécie teriam entregues a Igor nas proximidades do contorno da viola de cocho do bairro Jardim Imperial, onde ela residia. Ainda conforme ele, Ana Cláudia e dois intermediários conversaram por videochamada. Outros dois envolvidos iriam receber R$ 20 mil, cada. 


 
Ana Cláudia tem cerca de 30 mil seguidores nas redes sociais que usava para cobrar justiça pela morte do empresário. O casal possui três filhos.

Sua última publicação no feed do Instagram aconteceu quando a morte de Toni completou um ano. “Por aqui tudo mudou para mim só eu sei o que sinto e a falta que você me faz em tudo. Faz falta nas minhas decisões, faz falta nos churrascos, faz falta no trabalho, faz falta na minha cama, faz falta em tudo! Mas por aqui continuo seguindo e te conhecendo bem como eu conheço sei que está orgulhoso de mim! Vou te amar para sempre até um dia meu Tudão”, disse.

Em outubro do ano passado, Ana Cláudia chegou a realizar um evento em homenagem a vítima chamado ‘carreata da saudade’. O casal tem três filhas.
 
Ao todo, foram cumpridos oito mandados, sendo três prisões e cinco buscas e apreensões contra os alvos. A ação é coordenada pelo delegado Marcel Oliveira, sob a supervisão do delegado Fausto Freitas, titular da unidade.
 
No último dia 11 de agosto, a equipe da DHPP cumpriu um mandado de prisão expedido pela 12ª Vara Criminal de Cuiabá contra um dos envolvidos no crime identificado durante as investigações.
 
O caso
 
Conforme as informações do boletim de ocorrências, Toni chegou a academia, desceu do carro e seguiu para dentro do estabelecimento. No meio do caminho, um homem, sentado em uma motocicleta e com a cabeça baixa, se aproximou e efetuou os disparos.
 
O empresário foi socorrido às pressas pelas testemunhas e encaminhado para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde passou por cirurgia de emergência. Ao todo, foram confirmadas quatro perfurações. Ele não resistiu aos ferimentos e foi a óbito.
 
Não foi confundido
 
O delegado Marcel Gomes de Oliveira descartou que Toni  tenha sido confundido com um policial rodoviário federal. O alvo do criminoso, Igor Spinozza, de 26 anos, desde o começo era o empresário.
“Na verdade, essa história nunca existiu. Foi algo ventilado pela própria vítima, no momento em que foi socorrida. Falou para um amigo que não devia nada para ninguém e que teriam ido atrás de alguém parecido com ele. Com isto, começou a surgir essa questão do PRF”, explicou o delegado.
 
Marcel reiterou que o criminoso confessou o crime e que tinha o empresário e não o PRF como seu alvo. “Porém, ele não quis explicar o motivo e ficou em silêncio durante o restante do depoimento. Não paramos de trabalhar um único dia. Após este longo trabalho investigativo, conseguimos encontrar o suspeito”.
 
Operação Capciosa
 
Algo ou alguém que procura enganar, induzindo ao erro. Uma pessoa com um comportamento capcioso tem a intenção maliciosa de confundir e enganar alguém, utilizando de astúcia, sedução e esperteza. Essa é a explicação para o nome dado pela polícia à operação que prendeu Ana Cláudia Flor. 
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