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"Chutaram minha cabeça igual bola de futebol": engenheiro lembra espancamento em rodoviária e omissão de policiais; veja vídeos

Da Redação - Fabiana Mendes

Após uma viagem de 27 horas de Belo Horizonte (MG) para Cuiabá, o engenheiro de produção Josimar Rodrigues Procópio, 35 anos, acabou brutalmente agredido por dois seguranças e um fiscal da Rodoviária de Cuiabá Eng. Cássio Veiga de Sá. Além dos traumas físicos, o episódio deixou a vítima muito abalada psicologicamente. "Chutaram minha cabeça igual bola de futebol", lamentou Josimar em entrevista ao Olhar Direto

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Sem passagens criminais pela polícia, Josimar é engenheiro de produção e pós-graduado em segurança do trabalho, técnico em mecânica, metalurgia e segurança do trabalho. Ele reside na capital mineira há seis meses por conta do trabalho e precisou vir para Cuiabá por conta de um acidente que sofreu no último dia 7. O acidente deixou o profissional com o joelho machucado e necessidade de fisioterapia, que seria realizada na Capital. 

Logo que chegou na Rodoviária, foi até uma cadeira de massagem com uma nota de R$ 20. Ele perguntou se o funcionário que estava ali poderia trocar o dinheiro, pois estava com a perna inchada após as 27 horas de viagem e quase não conseguia se locomover.

O funcionário negou ajuda e quando Josimar se deu conta, já estava sendo agredido e jogado no chão. A versão da Polícia Militar é de que Josimar teria se recusado a levantar. 

"Foi a pior experiência da minha vida. Teve o trauma físico, mas o maior foi o emocional. Eu já estava em situação de vulnerabilidade. [...] O que estava ruim ficou pior", lamenta o homem, que é pai de um casal. 

Vídeos gravados por testemunhas mostram a sessão de espancamento sofrida pela vítima. Nas imagens é possível também ver os seguranças e o fiscal indo embora. 

O engenheiro, que já estava machucado na perna, sofreu um corte profundo de 15 centímetros no braço e perdeu cerca de um litro de sangue. 

Segundo Josimar, a Polícia Militar foi omissa ao atender a ocorrência. Os primeiros policias que chegaram ao local proferiram palavras de baixo calão para a vítima. Um dos agentes chegou a conversar com os agressores e deixou que eles fossem embora sem realizar as prisões.

Um dos militares identificado como sargento Reginaldo teria, ainda, assinado um termo dizendo que Josimar teria recusado atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Diversas testemunhas que ligaram para o Ciosp foram informadas que a vítima teria recusado o resgate, mas com muita insistência, os socorristas foram até o local. 

Somente quando uma segunda equipe chegou na Rodoviária, os procedimentos foram realizados de maneira correta.  A vítima pretende denunciar o caso à Corregedoria da Instituição. 

Além de ser agredido, Josimar teve vários pertences furtados do guarda-volume, como computador, carregador, perfumes e fone de ouvido, enquanto era atendido no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). 

Ao retornar na Rodoviária, o engenheiro buscou informações sobre os agressores, porém houve recusa dos trabalhadores em passar mais detalhes a ele.  Josimar só conseguiu identificar os primeiros nomes dos suspeitos: supervisor Nicolas (de camisa azul), Vinicius (fiscal de camisa cinza) e  vulgo Rambo, que prestaria serviço para empresa de um PM. 

A vítima disse não ter recebido nenhum tipo de assistência da gerência do Terminal Rodoviário. "Pelo contrário, eles estão negligenciando, eu pedi horário de entrada de saída do turno, mas eles não me forneceram porque eles abandonaram o turno para fugir do flagrante", conta. 

Outro lado

Em nota, a Sinart - Concessionária do Terminal Rodoviário Eng. Cássio Veiga de Sá informou que tomou conhecimento da ocorrência e já está tomando as providências necessárias para apuração dos fatos.  

"De imediato lamenta o ocorrido e destaca que não compactua com nenhum tipo de situação, quer ocorra de forma pontual ou recorrente, que envolva a prática de violência física nos Terminais Rodoviários sob sua Concessão", diz trecho da nota. 

A reportagem questionou se os agressores foram afastados do trabalho, mas Sinart afirmou que só irá se manifestar após conclusão do processo. 

Procurada, a Polícia Militar disse não ter informações. 

Veja vídeos: 



 
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