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Ela é Lula e ele Bolsonaro: casal supera divergências políticas e assume relacionamento em meio à polarização

Da Redação - Érika Oliveira

Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração? Assim como Eduardo e Mônica, da música de Renato Russo, o casal Isadora Machado e Kaique Araújo é "nada parecido" em alguns assuntos. Ele é "de leão", ela ariana das "brabas". E, em meio ao tema que provocou a maior polarização no Brasil desde sua redemocratização - as eleições para presidente da República -, os dois decidiram passar por cima da visão política do parceiro para construir juntos uma relação amorosa.

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Na última reportagem da série "Por trás do voto", Olhar Direto conversou com a engenheira civil assumidamente eleitora de Lula (PT) e seu companheiro, que desde 2018 defende a eleição de Jair Bolsonaro (PL). Eles contam que souberam da divergência política logo que se conheceram, mas que em nenhum momento isso foi uma questão para os dois. 

"Eu entendo o posicionamento dele e sempre respeitei. Ele também entende o meu e respeita. É algo muito tranquilo para nós. A gente às vezes faz alguma piada falando do candidato do outro, eu principalmente, mas é tudo em um tom muito leve", conta Isadora.

A história do casal revela um dos traços do eleitorado que pode ser decisivo nesta eleição. Neste domingo (02), homens e mulheres devem ir divididos às urnas para escolher o próximo presidente. 

Levantamento feito pelo jornal O GLOBO, a partir de pesquisas Datafolha disponíveis no Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop), mostra que a disparidade de votos entre gêneros em 2022 é a segunda maior desde 1989, considerando as declarações de voto nos adversários petistas em meados do mês de setembro dos pleitos passados.

Isadora e Kaique, que decidiram morar juntos há cerca de um ano, destacam que o assunto não é ignorado dentro de casa. Eles ponderam, no entanto, que as divergências ao invés de provocar briga, os ajudam a compreender o outro no processo de construção de uma vida juntos.



"A gente discute melhorias que acreditamos, medos que temos, mas não passa disso", diz Isadora. "A discordância sobre os candidatos com certeza nos faz conversar e debater sobre as ideias, ao invés de brigar", completa Kaique.

Questionados se, em algumas dessas conversas um já conseguiu "convencer" o outro a mudar de opinião sobre algum outro tema, Kaique conta aquilo que, talvez, seja o segredo da "bandeira branca" entre eles em relação à política. 

"Acredito que ambos têm o desejo comum de expandir as ideias e talvez isso ajude neste quesito", pontua. 
  
Neste domingo, garantem que assim como têm conduzido a relação até aqui, as diferenças não serão motivo para desgaste independente do resultado da eleição. "O objetivo sempre será o respeito entre nós", concordam, por fim.
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