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Trabalhadores passaram pelo 'tribunal do crime' e foram mortos por decapitação, amputação de dedos e tiros; fotos

Da Redação - Fabiana Mendes

Logo que ficaram sob a mira de membros de facção criminosa, os quatro trabalhadores nordestinos foram mortos com requintes de crueldade mediante decapitação, amputação dos dedos e disparos de arma de fogo. Tiago Araújo, 32 anos; Geraldo Rodrigues da Silva, 20 anos; Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos; e Clemilton Barros Paixão, 20 anos, foram levados de dentro da casa onde moravam, no bairro Renascer, em Cuiabá, por bandidos que estavam em três veículos. Desde então, eles nunca mais foram vistos e a Polícia Civil não tem dúvidas de que eles estão mortos. Tiago e Geraldo eram irmãos, Clemilton cunhado deles e Paulo era amigo dos três.

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Após serem sequestrados, os trabalhadores passaram pelo ‘tribunal do crime’ e foram condenados à morte por supostamente conhecer membros das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Bonde dos 40, no Maranhão. Paulo morreu decapitado, enquanto Tiago teve três dedos amputados e faleceu em decorrência de um tiro no peito. A ação teria sido filmada pelos criminosos, mas a família e a Polícia nunca tiveram acesso ao conteúdo. Geraldo e Cleiton foram mortos com tiro na nuca.

O sequestro aconteceu no dia 2 de maio de 2021 e após quase dois anos de uma minuciosa investigação, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) deflagrou nesta terça-feira (24), a operação Kalypto para cumprir 18 ordens judiciais, sendo nove mandados de prisão e nove de buscas domiciliares nos bairros Renascer, Pedregal e adjacências.

As ordens judiciais da operação coordenada pelo delegado Caio Fernando Albuquerque, do cartório de investigação de homicídios cometidos a mando de facções, foram cumpridas nas residências dos envolvidos para além realizar prisões, apreender objetos relacionados aos crimes e aparelhos celulares para possível localização dos restos mortais das vítimas.



Entre as medidas adotadas para identificar os responsáveis estão o monitoramento de tornozeleira eletrônica dos investigados, com confirmação de presença no local de crime através de perícia da Politec, contradições nos depoimentos dos envolvidos que, entre outras coisas, diziam não se conhecer mesmo sendo patrocinados pelos mesmos advogados. Além disso, foram realizadas oitivas com familiares das vítimas de Goiás e Maranhão, onde foram colhidos e gravados longos depoimentos, posteriormente confirmados por outros elementos de prova. 

A DHPP realizou inúmeras buscas por indícios que pudessem levar à localização dos corpos das vítimas, que permanecem desaparecidos até o momento. “Se tratando de crimes praticados por integrantes de organização criminosa, a busca do maior e melhor suporte informativo possível é necessária para esclarecer o completo rol de autores e respectivas condutas, assim como as demais circunstâncias dos fatos, inclusive, para a localização dos corpos”, destacou o delegado Caio Fernando.

Os investigados responderão pelo homicídio com três qualificadoras: impossibilidade de defesa, motivo torpe e meio cruel - além de ocultação de cadáver, sequestro e integração de organização criminosa.

Do verbo grego, Kalypto significa “cobrir”, “esconder”, “ocultar”, “velar”, em referência aos corpos ocultados.
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