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DHPP prende filha de 'Maninho' por envolvimento na morte de trabalhadores maranhenses

Da Redação - Fabiana Mendes

Mais duas pessoas foram presas pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no âmbito da operação Kalypto, que investiga o sequestro e morte de quatro maranhenses, no bairro Jardim Renascer, em Cuiabá, no dia 2 de maio de 2021. Elas foram identificadas como Wanderson Barbosa da Cruz, 37 anos, e Erickelly de Jesus Albernaz, de 21, filha do ex-chefe do tráfico na região do Pedregal. Com os dois mandados de prisão cumpridos pela tarde e os outros cinco na manhã de terça-feira (24), a Polícia Civil tem sete dos nove alvos detidos.

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Moradora da mesma quitinete onde os trabalhadores residiam, Erickelly teria testemunhado o sequestro dos homens, mas por  medo de se comprometer e sofrer represálias, ela segue a “lei do silêncio” imposta pela facção criminosa responsável pelos homicídios. 

Pelo comportamento, Erickelly traz para si indicativos de algum envolvimento nos fatos, ainda que a título de menor importância. A jovem é filha de "Maninho", um dos maiores traficantes da região do Pedregal, morto em 2015. A quitinete onde os maranhenses foram sequestrados é da mãe dela. 

Além de Wanderson e Erickelly, já haviam sido localizados e presos: Vinícius Barbosa da Silva (Melancia), de 28 anos; Cleiton Ozorio Carvalho Luz (Mané), de 38 anos; Cleison Thiago Xavier dos Santos Luz, de 23 anos; Marcelo Wagner Cruz de Oliveira (Macaco ou índio), de 34 anos; e Igor Augusto da Silva Carvalho (Barbado), de 27 anos.

Apenas dois estão foragidos: Leondas Almeida de Jesus (Léo Maconha, de 25 anos, e Gabriel Ítalo da Silva Costa (Torto), de 28 anos. Léo Maconha é um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho no bairro Renascer e região.

Todos os presos foram interrogados e irão passar por audiência de custódia nesta tarde.

Sequestros e mortes

Os quatro trabalhadores desapareceram há quase dois anos. As vítimas foram identificadas como Tiago Araújo, 32 anos; Geraldo Rodrigues da Silva, 20 anos; Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos; e Clemilton Barros Paixão, 20 anos. Tiago e Geraldo eram irmãos, Clemilton cunhado deles e Paulo era amigo dos três.

Após serem sequestrados, eles passaram pelo ‘tribunal do crime’ e foram condenados à morte por supostamente conhecer membros das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Bonde dos 40, no Maranhão.

Paulo morreu decapitado, enquanto Tiago teve três dedos amputados e faleceu em decorrência de um tiro no peito. A ação teria sido filmada pelos criminosos, mas a família e a Polícia nunca tiveram acesso ao conteúdo. Geraldo e Cleiton foram mortos com tiro na nuca. Sem os restos mortais, a família não teve oportunidade de enterrar e dar o último adeus aos entes queridos.

Das 18 ordens judiciais decretadas pelo Poder Judiciário, nove são mandados de prisão e nove de busca e apreensão. A Operação Kalypto é resultado de quase dois anos de uma minuciosa investigação com depoimentos colhidos além de Mato Grosso, in loco nos estados do Maranhão e Goiás.

“Durante esses quase dois anos de investigação muitas diligências, oitivas, provas técnicas demonstraram e colocaram cada um dos envolvidos no cenário dos fatos. Boa parte, inclusive no palco do sequestro”, explicou Albuquerque, em coletiva de imprensa.



Entre as provas citadas pelo delegado estão o monitoramento de tornozeleira eletrônica dos investigados, com confirmação de presença no local de crime através de perícia da Politec, contradições nos depoimentos dos envolvidos que, entre outras coisas, diziam não se conhecer mesmo sendo patrocinados pelos mesmos advogados. 

Conforme a Polícia, os criminosos responderão por homicídio com três qualificadoras: impossibilidade de defesa, motivo torpe e meio cruel - além de ocultação de cadáver, sequestro e integração de organização criminosa.

Do verbo grego, Kalypto significa “cobrir”, “esconder”, “ocultar”, “velar”, em referência aos corpos ocultados.
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