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Após denúncias, Tuma Jr. anuncia que vai tirar férias para preparar defesa

Folha Online

O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, afirmou nesta terça-feira que irá pedir alguns dias de férias do cargo para preparar a sua defesa nas denúncias que apontam sua ligação com o chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, preso em setembro de 2009, acusado de contrabandear equipamentos eletrônicos de seu país.

"Estou pensando em pedir férias. Eu pretendo tirar alguns dias de férias sim. Mas você pode ter certeza de que eu vou voltar com a alma lavada e com a honra restabelecida", afirmou o secretário em entrevista ao programa "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes.

Em reunião que durou mais de três horas, e que terminou no começo da madrugada de hoje, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e Tuma Jr. conversaram sobre as denúncias.

O presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, anunciou que o órgão decidiu abrir procedimento preliminar para apurar se o secretário agiu de forma irregular ao manter ligação com o chinês.

Nota do Ministério da Justiça informa que Barreto recebeu na noite de sexta-feira, em Buenos Aires, informações da Polícia Federal sobre o caso. Ontem, a PF entregou mais informações para o ministro.

Na investigação, a PF diz que há suspeitas de que Tuma Jr. ajudou Paulo Li a regularizar a situação de imigrantes ilegais e interveio para liberar mercadoria apreendida.

Li, que foi assessor de Tuma Jr. quando ele era deputado estadual, está preso desde setembro do ano passado. O secretário não foi acusado formalmente à época porque o Ministério Público entendeu que não havia provas contra ele.

Nas gravações, Tuma Jr., que também é presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, trata da compra de um celular e de videogame.

Em entrevista à Folha, Tuma Jr. que a investigação da PF cometeu abusos. "Não da PF, mas de pessoas da PF. Fui investigado e chegou-se à conclusão que eu não deveria ser denunciado. O caso foi "arquivado", afirmou. Ele disse que o caso foi encerrado no ano passado e voltou à tona por causa de seus ataques ao crime organizado.

A reportagem não conseguiu contato com o secretário para comentar a decisão sobre o afastamento.

Pauli Li

A prisão do chinês e de mais 15 pessoas ocorreu em setembro de 2009, após a PF deflagrar as operações Wei Jin (em chinês, trazer mercadoria proibida) e Linha Cruzada. Juntas, as duas operações tinham o objetivo de combater o contrabando de mercadorias e o vazamento de informações sigilosas, desarticulando uma quadrilha especializada no contrabando de celulares falsificados chineses.

De acordo com a PF, além de Paulo Li, a organização era integrada por despachantes aduaneiros, lojistas, gráficos, um ex-oficial do Exército Brasileiro e até mesmo um ex-membro do Serviço Secreto do Chile. Na época, a PF acusou "um conhecido mestre de kung fu" de ser um importante membro do grupo, responsável por movimentar mais de R$ 1 milhão mensais revendendo os aparelhos que recebia da China.

Além de ter sido instrutor de Kunf Fu de Tuma Júnior, Paulo Li deu aulas na superintendência paulista da PF quando o pai do secretário, o atual senador Romeu Tuma (PTB-SP), era superintendente do órgão. Na semana passada, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou uma matéria apontando a ligação de Tuma Júnior com Li. Em uma conversa telefônica gravada pela PF, ele pergunta ao chinês se um jogo eletrônico contrabandeado estaria à venda na Avenida Paulista, em São Paulo.

Ainda segundo o jornal, a PF também teria encontrado indícios de que Tuma Júnior auxiliou Paulo Li a regularizar a situação de chineses que viviam clandestinamente em São Paulo. À Agência Brasil, contudo, a assessoria da PF se limitou a informar que o secretário não foi investigado e que suas conversas com Paulo Li só foram gravadas porque os telefonemas do chinês estavam sendo monitorados com autorização judicial.
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